Nos meses que se seguiram ao assassinato a tiros de seu marido, Reta Senbeta, enquanto ia para casa, em fevereiro do ano passado, Abebu e seus filhos enfrentaram contínua perseguição do assassino (que agora está preso) e sua família. O desafio de alimentar sua família ameaçou sua sobrevivência.
Reta, o marido de Abebu, converteu-se não muito antes de sua morte. Quando ele entregou sua vida a Jesus, alguns membros de sua antiga religião e comunidade se opuseram fortemente. Um homem influente começou a ameaçar a vida de Reta, dizendo-lhe para retratar-se de sua nova crença, ou então, enfrentaria as consequências.
"Inicialmente, não levamos isso muito a sério, mas depois de um tempo, eu comecei a ficar inquieta. Às vezes, Reta me acordava para orar com ele, dizendo Eu temo pela minha família. Eu não consigo definir o porquê.’ Aí então, orávamos juntos. Agora eu percebo que Deus estava nos preparando para esse dia," explicou Abebu.
Certa vez, aquele homem se aproximou de Reta enquanto ele voltava da igreja. Mais tarde, algumas testemunhas disseram à polícia que viram aquele homem colocar o braço ao redor dos ombros de Reta. Segundos depois, eles ouviram uma arma disparar. Reta foi encontrado em uma poça de sangue com duas lesões graves no peito. O assassino foi preso e sentenciado a oito anos de prisão – uma sentença branda por ele ser alguém influente.
Abebu ficou sozinha para cuidar de cinco meninos e duas meninas nas idades de dois a dez anos e mais uma menina que nasceu dois meses depois.
De acordo com a cultura etíope, os filhos de Reta são agora considerados "as crianças do homem morto", sinalizando que não têm mais o pai para lhes proteger e cuidar. Sua mãe é considerada a causa do "azar" pelo que aconteceu com seu marido. Ela é uma mulher "sem o seu escudo" e seus filhos serão tratados de forma diferente, pois serão "criados por uma mulher" e qualquer mau comportamento estará associado a isso.
Tanto Abebu quanto seu pastor têm recebido ameaças de morte do assassino de Reta, mesmo ele estando na prisão. "Ela tem criado os filhos de Reta para serem meus inimigos," algumas pessoas o ouviram dizer. Na escola, os filhos dele têm provocado e atacado os filhos de Abebu.
Apesar de estar preocupada com a forma como essa perseguição tem sucedido, a maior preocupação de Abebu está em como alimentar seus oito filhos sem ter um trabalho ou dinheiro. Reta ganhava somente pelos dias que trabalhava; se por acaso ele não podia ir trabalhar em algum dia, a família ficava sem ter o que comer. Sua morte foi um grande golpe para Abebu e as crianças.
Tendo se casado jovem e trabalhado somente em casa para o crescimento da família, Abebu não tem nenhuma experiência profissional que a permita encontrar um emprego com bom salário para que ela possa sustentar seus filhos.
Em uma comunidade tão hostil, nenhum dos vizinhos ou moradores da vila demonstram qualquer boa vontade em ajudá-la. Cristãos de sua igreja local manifestam compaixão e compartilham o pouco que têm, mas seus recursos são limitados.
Embora ela esteja visivelmente pressionada por essa responsabilidade, a fé de Abebu tem sido seu sustento. "Nós estamos nas mãos de Deus."
A Portas Abertas ouviu e estudou a situação de Abebu e decidiu não somente ser o coração e a voz de Deus para sua condição, mas também suas mãos. A organização proveu uma assistência prática para a família, além de alguns programas de apoio.
A prioridade era assegurar o alimento para todos, garantindo a próxima colheita. Foram providenciadas sementes, fertilizantes e mão- de- obra para que ela pudesse contribuir na fazenda com seus vizinhos e assim, tivesse uma participação no produto. A comida até o tempo da primeira colheita lhe foi entregue, bem como roupas e sapatos para as crianças.
"Eu não sabia que tinha uma família tão amável, que se preocupava de verdade conosco," disse Abebu, cheia de gratidão.
Também foi decidido, para o melhor da família, deslocá-los da vila rural onde vivem, para uma cidade onde possam encontrar maior segurança e proteção.
Abebu também participou de um programa que a Portas Abertas iniciou em outubro do ano passado. O propósito era que as viúvas cristãs da Etiópia pudessem encontrar apoio mútuo e um ambiente seguro para que pudessem abrir seus corações, compartilhar os desafios e até mesmo formas de se recuperar.
Entre as participantes, estavam viúvas com quem a Portas Abertas mantém um longo relacionamento, como Meskele Dhaba, Martha Geleta e Chaltu Waga. Foi um grande sucesso. A julgar pelo retorno, todas as viúvas encontraram grande conforto através das histórias umas das outras.
"Eu não estou sozinha", observou uma das participantes. "Estou ansiosa para encontrar minhas irmãs, que passaram pelos mesmos problemas que eu," disse outra. "Agora, vou começar a orar mais pelas minhas irmãs do que por mim," decidiu uma viúva. "Eu entendi que existem situações piores do que a minha e eu deveria ser grata ao Senhor por sua proteção."
Prometendo continuar a orar umas pelas outras, as viúvas, que antes se consideravam amaldiçoadas, descobriram uma nova forma de pensar. "Eu não tive certeza quando você me disse que havia outras viúvas. Eu nunca pensei que uma pessoa poderia ser morta por sua fé. Eu pensava que tinha acontecido somente com meu marido," uma viúva compartilhou.
As viúvas estavam cheias de gratidão pelo envolvimento da Portas Abertas em suas vidas. "Vocês estiveram conosco em um momento onde realmente era necessária a presença de alguém", disse uma viúva.
Para Abebu, o encontro foi uma mudança de vida. "Eu fui curada dos meus problemas assim que recebi ajuda para minha família. Mas nesse momento [em que encontrei outras mulheres] a cura veio de dentro."
Encorajada pela generosidade da Portas Abertas e suas irmãs viúvas, Abebu está confiante de que o Senhor está com ela e possui o futuro de sua família em suas mãos. Louve a Deus conosco pela oportunidade de sabermos do testemunho tão bonito dessas mulheres. É o amor de Cristo revelado em ações às viúvas e órfãos.
Pedidos de oração
Agradeça ao Senhor por sua proteção às famílias de cristãos mortos por sua fé. Ore por contínua proteção para aqueles que ainda enfrentam hostilidade. Ore particularmente pela graça de Deus na vida de crianças que enfrentam perseguição nas escolas. Louve ao Senhor por seu cuidado espiritual com as viúvas. Muitas têm testemunhado, juntamente com seus filhos, o conforto para sua dor. Ore ao Senhor para que ele conforte essas viúvas na solidão, após perder seus companheiros de vida e ore para que Deus dê sabedoria a elas para criarem seus filhos sozinhas.
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