O Vaticano classificou como um "ridículo golpe publicitário" a tentativa de envolver o Papa Bento XVI e três altas autoridades eclesiásticas em denúncias de crimes contra a Humanidade ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Grupos que representam vítimas de casos de abuso sexual cometidos por padres apresentaram nesta terça-feira a denúncia. Mas são grandes os obstáculos para a abertura de uma investigação na corte.
Jeffrey Lena, que representa o Vaticano nos casos de abuso sexual nos EUA, classificou o pedido para que o Tribunal de Haia inicie uma investigação sobre possíveis crimes contra a Humanidade de "abuso de processos judiciais internacionais".
A organização Rede de Sobreviventes de Vítimas de Abusos de Padres e o grupo de direitos humanos Centro para os Direitos Constitucionais alegam que as autoridades toleraram e permitiram a prática sistemática e a ocultação generalizada de estupros e crimes sexuais contra crianças.
O TPI já recebeu cerca de 9 mil propostas independentes como esta desde sua criação, em 2002, mas nunca abriu qualquer investigação baseada neste tipo de pedido. A corte, baseada em Haia e liderada pelo promotor-chefe Luis Moreno-Ocampo, já investigou casos de genocídio, assassinato e conflitos como o de Darfur e o da Líbia, a pedido dos países onde os crimes foram cometidos ou da ONU.
O Vaticano também não é membro do TPI, o que significa que o tribunal não tem autoridade sobre a Santa Sé. Mas a denúncia inclui diversos países onde houve casos de abuso e a corte é reconhecida.
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