Enquanto muitos cristãos ao redor do globo entoaram "Cristo ressuscitou" com aleluias, a Páscoa na Índia foi marcada pela violência.
Ontem, no estado de Karnataka, sul do país, 15 extremistas hindus do grupo extremista Bajrang Dal (ala jovem do Vishwa Hindu Parishad, ou Conselho Mundial Hindu) acabaram com um culto no domingo de manhã, e atacaram o pastor V.P. Paulouse.
Quando falava da significância da Páscoa na Igreja dos Cristãos em Bantaguri, na província de Mangalore, o pastor Palouse foi ferido na cabeça e teve fraturas nas duas mãos durante o ataque; sua esposa também foi severamente agredida, de acordo com um cristão local que solicitou anonimato.
Ao saquear o saguão da igreja, os agressores ameaçavam prejudicar os cristãos se eles continuassem suas reuniões de oração, e, em seguida, os agressores danificaram a casa e o carro do pastor.
O pastor atingido está se recuperando dos ferimentos em um hospital. A delegacia de polícia da vizinha cidade de Bantwal registrou um Relatório de Primeira Informação (FIR, sigla em sigla em inglês) contra os agressores, porém, nenhum deles foi preso.
Móveis e equipamentos destruídos
Os cristãos também acreditam que 25 a 30 pessoas que atacaram violentamente um salão de reuniões na cidade de Balmatta, na província de Mangalore, no Domingo de Páscoa, pertenciam ao grupo Bajrang Dal. Os extremistas hindus destruíram móveis e equipamentos no valor de mais de 150 mil rúpias (US$ 3.327) que estavam no salão pertencente ao Ministério Fé Viva. O incidente ocorreu às 15h45, e foi registrado pela delegacia de polícia de Kadri.
O Ministério Fé Viva realiza reuniões de oração na região há mais de seis anos. Aproximadamente 70 cristãos participam das reuniões no salão de oração alugado.
"No início da tarde, aproximadamente dez pessoas carregando bastões de críquete entraram no salão de oração, inspecionaram toda a área e retornaram", contou ao Compass Austin Mark, cristão de 70 anos, encarregado da reunião.
Quando os homens que participavam do encontro saíram e somente mulheres e crianças ficaram participando de um programa especial para elas, os dez extremistas retornaram com outras 20 pessoas e começaram a perguntar se eles estavam convertendo hindus, disse Mark.
Ele acrescentou que logo depois do "interrogatório", os extremistas saquearam o salão, destruíram cadeiras, o aparelho de som, incluindo os amplificadores, mesas, um projetor LCD, instrumentos musicais e outros equipamentos.
O reverendo Don Menezes disse ao Compass que os extremistas planejaram estrategicamente o ataque. "Estes covardes esperaram até que todos os homens deixassem o local e, então, entraram no salão", disse ele. "Mais tarde, eles trancaram o salão pelo lado de dentro e ameaçaram as mulheres e as crianças com conseqüências terríveis."
Um policial da delegacia de Kadri contou ao Compass que um FIR fora registrado contra os agressores por realizarem manifestações de protesto sem autorização, porte ilegal de armas, vandalismo, invasão de domicílios, intimidação criminosa, e pichação de lugares sagrados.
O oficial também disse que naquele dia a polícia estava muito ocupada com os preparativos do sistema de segurança para L.K. Advani - líder do Bhartiya Janata Party (BJP) que visitava Mangalore como parte de sua "Procissão para a Proteção da Índia" - para prender qualquer pessoa. Ele disse que os agressores seriam detidos assim que a visita de Advani terminasse.
Panfletárias são presas
No Estado de Madhya Pradesh, na Sexta-feira da Paixão, 14 de abril, duas mulheres na província de Jabalpur foram detidas por "promover conversões".
Mariamma Mathew, de 36 anos, e B. Godwil, de 65, estavam distribuindo panfletos cristãos. A polícia, agindo sob informações de alguém que recebeu a literatura, também confiscou vários outros panfletos "censuráveis", disse um oficial.
Os oficiais disseram que as mulheres estavam tentando converter as pessoas, mostrando-lhes como elas poderiam vencer seus problemas seguindo a Bíblia.
De acordo com o Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh, qualquer pessoa ao promover religião ou organizar funções religiosas deve obter permissão do coletor distrital. O superintendente da Polícia de Jabalpur, D. Srinivas Rao, disse aos repórteres que as mulheres não haviam procurado essa permissão.
Indira Iyengar, presidente da Associação Cristã Madhya Pradesh, questionou como as mulheres poderiam ser acusadas de qualquer coisa ilegal. "Essas mulheres estavam simplesmente distribuindo literatura, o que não é um crime", ela disse ao Compass. "A polícia e o governo estão usando, ou melhor, abusando da lei para oprimir a comunidade cristã e envolver cristãos em casos falsos".
Policiais superiores disseram que deveriam ainda determinar se os panfletos confiscados continham alguma coisa censurável, disse ela, "mesmo assim, eles não mostraram hesitação em deter as duas mulheres".
Indira acrescentou que o tormento constante da comunidade cristã indica que o governo está cooperando com grupos extremistas hindus.
"Desde que o BJP subiu ao poder ,dois anos e meio atrás, as minorias estão inseguras enquanto a polícia tem o apoio da administração", disse ela.
O reverendo Babu Joseph, porta-voz da Conferência dos Bispos Católicos da Índia, disse que a detenção das duas mulheres "parece ser um outro ato descarado de intimidação dos cidadãos comuns deste país por aqueles que devem proteger sua segurança".
"Ler a Bíblia e até mesmo compartilhá-la com aqueles que querem conhecer mais dela não significa de maneira nenhuma cometer um crime, muito menos implica em detenção de pessoas menos privilegiadas. Conseqüentemente, a maneira que a administração tem agido neste caso das duas mulheres cheira a preconceito e partidarismo da parte deles".
Pastores agredidos
Na última terça-feira, 11 de abril, em Mumbai, no estado de Maharashtra, dois pastores sofreram sérios ferimentos quando aproximadamente 50 extremistas hindus do Vishwa Hindu Parishad invadiram uma reunião de oração de cerca de 500 cristãos e os atacaram. Os extremistas também destruíram dez Bíblias.
Os cristãos da Igreja Comunidade Viver Bem se encontraram para a reunião de oração no vilarejo de Khopte, Uran, uma cidade nos arredores de Mumbai.
O reverendo Joseph, que estava presente, disse que os homens entraram no salão por volta das 16 horas e filmaram todo o momento de adoração por 30 minutos. Então, 15 dos extremistas foram ao púlpito e apanharam o microfone da mão dele, pegaram sua Bíblia e o acusaram de converter pessoas ao cristianismo, disse ele.
"Eles me agrediram e então me surraram com correntes, barras de ferro e paus por mais de trinta minutos", disse ele, enquanto eles atacavam outros sete pastores que estavam com ele no púlpito. "Meu braço direito foi fraturado, minhas costelas direitas foram quebradas e minha cabeça estava sangrando profundamente".
Logo depois, os extremistas começaram a jogar pedras na armação e apanhar Bíblias. Eles também pegaram telefones celulares de dois pastores, disse ele.
O pastor T. Shekkar, que teve três suturas no lado esquerdo de sua cabeça, disse que os extremistas usaram linguagem obscena e exigiram conhecer seus contatos de "atividades de conversão".
Cinco dos pastores foram então arrastados ao próximo Shankar Mandir (templo hindu do deus Shankar), onde os extremistas hindus tentaram forçá-los a adorar naquele lugar. Quando eles resistiram, foram impiedosamente surrados.
Abraham Mathai, secretário-geral do Conselho Geral dos Cristãos da Índia, contou à Compass que os extremistas e a polícia têm uma mente parecida.
"Se tantos incidentes anticristãos aconteceram durante a semana mais santa do ano, eu questiono a estrutura secular desta nação", disse ele. "A polícia nem mesmo fornece proteção às reuniões cristãs, nem evita tal violência anticristã, fazendo detenções. Na verdade, eles são simpatizantes dos fundamentalistas."
Devido à insistência de Abraham, o comissário de polícia das cidades gêmeas de Navi Mumbai, Vijay Kamle enviou uma equipe para investigar o incidente, mas até o momento, não foi feita nenhuma detenção.
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