A junta militar de Mianmar iniciou uma nova onda de ataques contra as minorias étnicas do país. Ela atingiu a etnia Karen e, de forma predominante, as vilas de karens cristãos.
Segundo a Christian Freedom International (CFI), "esta época do ano é conhecida como 'época de matança' em Mianmar, e esse ano não é exceção". A CFI é uma organização que fornece alimento e assistência médica e ajuda às minorias étnicas perseguidas de Mianmar. "Durante a estiagem, os soldados conseguem se mover com mais facilidade nas densas selvas de Mianmar. Neste ano a junta militar adiantou seus ataques aos karens."
Saw Aro, 50,é um soldado do Exército de Liberação Nacional dos Karens (KNLA, sigla em inglês), uma enorme milícia que tem lutado pela sobrevivência do povo karen desde a Segunda Guerra Mundial.
Saw disse à CFI que mais de 700 pessoas desabrigadas chegaram na vila de Ko Kay. "Eles vieram dos distritos de Toungoo e Nyaunglebin. O exército birmanês trouxe há pouco tempo 10 batalhões com mais ou menos 1.500 novos soldados de Yangon (ex-Rangum, a maior cidade de Mianmar), os quais estão causando problemas".
Segundo Saw, quando os soldados chegaram, eles se espalharam pela área e tentaram encontrar as vilas dos karens. Se vissem as vilas, tentavam capturar e persegui-los. "As pessoas que viviam lá não se atreviam a enfrentar o exército birmanês. Eles fugiam de suas vilas e se escondiam nas montanhas e na selva, em lugares seguros para salvarem suas vidas."
Saw explicou que "antes que os refugiados chegassem na vila de Ko Kay, eles tinham que passar por coisas terríveis". Ele disse que os soldados birmaneses tentaram bloqueá-los e enterraram minas. "Mas eles superaram essa situação difícil com alguns soldados karens que conheciam o caminho e os guiaram."
Em Ko Kay, os deslocados sofrem necessidades. "Não há comidas e remédios o suficiente agora para as pessoas. Esse é um grande problema", Saw disse.
"Na maioria das vezes, eles não querem voltar às suas vilas, Alguns dizem: 'Se eles puderem ficar em Ko Kay, eles ficarão', outros querem cruzar a fronteira e viver nos campos de refugiados na Tailândia."
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