Uma vila predominante cristã em Masohi, Ilhas Molucas, foi incendiada no dia 9 de dezembro. O incidente causou a destruição de 67 casas, dois edifícios da Igreja Protestante das Molucas (GPM), um salão da vila, dois carros e uma motocicleta.
Na manhã daquele dia, cerca de 500 manifestantes se reuniram no escritório da Secretaria de Educação e do quartel-general da polícia. Eles tinham recebido um folheto que acusava a professora cristã de uma escola primária, Welhelmina Holle, de insultar o islamismo enquanto monitorava uma de suas alunas.
“Welhelmina negou veementemente a alegação. É possível que o caso tenha sido inventado a fim de estimular o ódio”, disse a pastora Sarah Latuny, da GPM de Masohi.
“Mas, mesmo se a acusação fosse verdadeira, não justifica a violência. A questão deve ser resolvida pelos meios legais”. A polícia manteve a professora sob sua custódia.
O protesto pacífico logo se tornou um conflito feroz. A multidão – armada com instrumentos afiados, pedras e bastões – feriram três pessoas (duas foram internadas no hospital local), e atearam fogo aos estabelecimentos. Um policial foi gravemente ferido ao tentar conter os agressores.
“Em meio ao caos, nossa prioridade foi proteger os moradores da vila. Como representantes da igreja, pedimos-lhes que fossem pacientes e que evitassem retaliação. O ciclo de violência nunca vai terminar se combatermos a violência com violência”, disse a pastora Sarah.
A situação se acalmou no fim da tarde.
No momento, há militares na área. As pessoas estão amedrontadas e evitam lugares públicos, como o mercado, relatou a pastora Sarah. Mais de 300 cristãos e muçulmanos que perderam suas casas estão refugiados na casa de parentes, em uma vila próxima, ou em tendas, atrás da infantaria de Masohi.
Visita aos desabrigados
Autoridades governamentais, incluindo o governador das Molucas e o chefe regente das Molucas centrais, visitaram os aldeões desalojados no dia 10 de dezembro. Eles lamentaram o fato de as autoridades não impedirem o ataque e terem sido lentas para conter os protestos.
Eles também exigiram que o governo reconstruísse sua vila e suas casas.
Nesse ínterim, a polícia prendeu Asmara Wasahua, candidato a senador do Partido Islâmico do Bem-Estar e da Justiça, na noite do protesto. “Ele é acusado de mobilizar a multidão a protestar e a distribuir os folhetos”, disse o chefe de polícia das Molucas, Mudji Waluyo, como relatado em um artigo de notícia online.
A professora cristã Welhelmina é também considerada suspeita. Ela foi acusada de desrespeitar o Artigo 156-a do código penal sobre a blasfêmia. Blasfemadores podem ser sentenciados a, no máximo, cinco anos na prisão.
Cenário de violência
Antes desse incidente, outra vila cristã nas Molucas foi saqueada e queimada em maio de 2008, matando três pessoas e destruindo 116 casas. As Ilhas Molucas foram campo de batalha de conflitos religiosos intensos entre as comunidades cristãs e muçulmanas de 1999 a 2002, matando 7 mil pessoas.
“Interceda pelas Molucas Centrais, para que o governo seja justo ao considerar nosso pedido, responda nossas necessidades, sirva a seu povo de todo o coração e, mais importante ainda, mantenha a paz, impedindo que tais atrocidades aconteçam outra vez”, disse a pastora Sarah. “Nós precisamos de suas orações para nos fortalecer.
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