A entrevista do bispo Edir Macedo ao jornalista do SBT Roberto Cabrini, no Conexão Repórter, abordou diversos temas e mostrou muito do que o líder da Igreja Universal do Reino de Deus pensa sobre si mesmo, a denominação que fundou, seus empreendimentos e sua trajetória de vida.
Dentre os temas mais marcantes abordados na entrevista, Macedo comentou sobre o episódio de sua prisão, em 1992, que ele atribui a pessoas ligadas à Igreja Católica. “Nunca pensei que pudesse ser preso, porque na minha cabeça não havia razão para ser preso. Não havia condenação”, disse.
Questionado sobre como foram os dias na cadeia, Macedo contou que foram “11 dias tranquilos”, e explicou: “Em todos esses 11 dias, eu estava do lado da minha esposa. Então eu tinha o conforto da minha mulher, e os companheiros, as pessoas amigas. Os meus algozes também foram lá. ‘Olha, eu sinto muito e tal’”, disse o bispo.
Edir Macedo afirmou que o episódio deixou marcas e o fez sentir-se numa situação constrangedora: “Eu senti humilhação, sim. Humilhado não pelas pessoas, humilhado por causa da minha fé, porque naquele momento eu não entendia porque que Deus permitiu aquilo, sabe? Eu não diria humilhado, eu diria um tanto frustrado. Como é que eu ia explicar para as pessoas essa situação?”, questionou.
A resposta para essa pergunta, segundo o próprio bispo, está na história dos mártires do Evangelho: “Deus nos deu uma palavra mostrando que o apóstolo Paulo também foi preso, o apóstolo Pedro foi preso, Jesus foi preso, e que tudo isso faz parte da nossa guerra”, resumiu.
“Eu incomodo o diabo e seus parceiros” disse Macedo a Cabrini quando este questionou sobre quem são as pessoas que ele causa incômodo, antes de acrescentar: “Você quer saber? Essa pergunta é boa. Eu agradeço aos meus adversários, aqueles que me odeiam, aqueles que querem o meu mal. Porque quanto mais me perseguem, mais eu cresço”.
Sobre a Igreja Universal, o bispo Edir Macedo afirmou que o crescimento da denominação em dezenas de países em cinco continentes é algo natural: “Eu não planejei nada. A escalada mundial acontece por causa da necessidade inerente à humanidade. A humanidade é quem carece daquilo que Deus tem oferecido na Sua Palavra. Então nós levamos Sua Palavra viva às pessoas carentes, necessitadas. E obviamente, o resultado está aí. A minha história é uma história de superação”, resumiu.
O sucesso de Macedo em sua denominação e também em seus empreendimentos foi sintetizado no igual sucesso da trilogia biográfica “Nada a Perder”, que irá inspirar um filme a ser lançado em 2016.
O megatemplo que é a sede da Universal, erguido ao custo de R$ 685 milhões, foi justificado por Macedo: “O Templo de Salomão é uma réplica de algo que foi extremamente importante no passado. Não pôde ser construído, até então, lá em Jerusalém, e nós construímos aqui em São Paulo”.
Sobre a Record, Edir Macedo não demonstrou modéstia sobre a influência de sua emissora na sociedade, e atribuiu a ela parte de uma conquista cara aos brasileiros: “Hoje nós temos um Brasil democrático, eu diria, em grande parte por causa da Record”, afirmou.
Roberto Cabrini disse que essa era a primeira entrevista, nos últimos anos, que Macedo concedia a um jornalista que não era funcionário dele, e questionou se ele responderia a todas as perguntas. O bispo foi firme e direto: “Qualquer pergunta que você fizer”.
Muitas das perguntas do jornalista foram avaliadas pelo dono do SBT, Silvio Santos, que mandou cortar da edição final uma pergunta feita sobre lavagem de dinheiro, segundo o jornalista Ricardo Feltrin, do Uol.
“Cabrini queria saber do bispo o que ele achava de lavagem de dinheiro. Aparentemente todos sentiram que a pergunta era uma referência a suspeitas (não comprovadas) de que a Igreja Universal lava dinheiro. No entanto, Cabrini poderia estar se referindo apenas a escândalos atuais como Lava-Jato. Mas não foi isso que pareceu a todos presentes. A pergunta surpreendeu Macedo, irritou a equipe da Record (comandada por Douglas Tavolaro) e enfureceu Silvio quando soube que ela tinha sido feita […] Edir Macedo acabou respondendo a pergunta de Cabrini, mas nós telespectadores nunca saberemos o que foi, porque Silvio mandou tirar a pergunta”, informou Feltrin.
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