Em Ankawa, um bairro cristão em Erbil, muitas pessoas encontraram refúgio em um parque público. As áreas abertas estão agora cheias de tendas. Panos são estendidos entre as árvores para que as pessoas possam se abrigar do sol forte.
O parque está localizado ao lado de uma igreja síria. Na rua, ao lado da porta da igreja existe uma cabine portátil. Uma fila forma-se em frente, todos à espera de sua vez para entrar, um por um. Eu me pergunto o que eles fazem lá dentro.
O líder cristão Emmanuel Adel Kallo nos leva para dentro dessa cabine, onde podemos conversar. Ele explica que a maioria das pessoas não pôde fugir com qualquer documento oficial, como certidões de nascimento e de batismo, ou até papéis de casamento. Se os refugiados querem deixar o país eles precisam desses papéis como prova de que são cristãos, e assim conseguem asilo em outro lugar. Na cabine, obreiros preenchem formulários sob a supervisão de um líder.
Observando o número de pessoas que estão aqui, percebo que muitos cristãos vão deixar o país ou pelo menos querem estar preparados para isso. E quem pode culpá-los? Um homem me disse que não tem esperança de que possa voltar a Mosul algum dia. Ele morava em um bairro onde muçulmanos e cristãos viviam juntos, em paz. Eles tinham refeições juntos, compartilhavam uma xícara de chá e eram amigos. No entanto, quando o Estado Islâmico chegou, até mesmo seus amigos muçulmanos voltaram-se contra os cristãos e queriam que eles fossem embora. Eles ainda ajudaram a expulsá-los. "Foi como uma facada nas costas. Traído por amigos íntimos. Desta vez eu não poderei voltar ", disse ele.
Olhando ao redor eu vejo a mesma tristeza e desilusão em outros rostos, isso parte meu coração e eu tenho que engolir seco para manter minhas emoções sob controle. Algumas lágrimas fazem bem, mas eu não quero desabafar aqui.
Kallo nos mostra o pátio da igreja e o parque público. Rua após rua, tenda depois de tenda, cada árvore ou local de sombra é ocupada por pessoas idosas, mães, pais, jovens, adultos, adolescentes e crianças. No total, há cerca de 650 famílias e todos os dias há novas pessoas chegando. O lugar está lotado. À noite, mesmo as áreas de passeio são usadas pelas pessoas para estender um colchão. As pessoas dormem ao ar livre, acompanhadas por besouros, baratas e outros insetos.
De volta à rua, visitamos uma grande tenda: a clínica médica. Há uma agitação na entrada da tenda. Um homem é agressivo, e está obviamente alterado, pronto para brigar e entrar à força na clínica. Kallo interfere. Ele tenta acalmar o homem e impedi-lo de brigar. O homem se senta, mas ainda está alterado e falando em voz alta. Por fim, ele acaba se acalmando um pouco.
As pessoas estão desgastadas. É quente, elas estão traumatizadas, há falta de água e não há como voltar para casa. Eu imagino que no lugar dessas pessoas eu também adoraria brigar com alguém, apenas para liberar um pouco o estresse e a dor interna. Eu sei que não é a solução certa, mas o que mais você pode fazer?
Graças a Deus existem coisas reconfortantes também.
Durante nosso tour pelo local, Kallo atende o telefone muitas vezes. Onde quer que vá, as pessoas perguntam-lhe como resolver problemas ou ligam apenas para desabafar. E cada vez que atende uma ligação como essa, ele mostra bondade, atenção e compaixão. Este homem deve estar sob muita pressão e, ainda assim, é capaz de ajudar e ser gentil com todos. Não só os cristãos, mas também os refugiados muçulmanos, yezidi e outras minorias. "Jesus ama a todos! Ele proverá socorro”, diz ele.
Um homem mais velho bate no meu ombro. Ele aponta para a pequena garrafa que tenho em mãos. A situação me comove porque eu percebo que em uma situação normal, ele nunca teria pedido tal coisa de uma mulher estrangeira. Eu dou a minha garrafa a ele imediatamente. Ele bebe toda a água em um piscar de olhos.
A minha oração é para que Deus conforte os corações partidos e sacie a sede desse povo, seja ela física ou espiritual.
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