"Uma universidade pública no Paquistão desafia ordem judicial e engana autoridades governamentais para evitar a oferta de empregos aprovados pelo governo a não-muçulmanos", declarou um político cristão do partido majoritário da nação.
Em maio de 2009, o Governo Federal aprovou uma lei requerendo que 5% dos empregos deveriam ser distribuídos às minorias religiosas. A Universidade de Sargodha (localizada na Província de Punjab, onde reside a maior parte dos cristãos do país) contratou centenas de empregados desde a implementação dessa legislação em Punjab em 2010, mas continua a usar táticas burocráticas para evitar a contratação de não-muçulmanos, de acordo com Chaudhry Mustaq Gill, um líder político Cristão da Pakistan Muslim League (Liga Muçulmana Paquistanesa).
A legislação foi criada para proteger as minorias religiosas e minimizar a injustiça contra pessoas que se candidatam a empregos governamentais, mas os empregados do Estado são os maiores obstáculos à sua implementação. A legislação foi iniciada por Shahbaz Bhatti, um deputado cristão que foi assassinado há três anos. Ele era uma figura proeminente no apoio à Asia Bibi (cristã sentenciada à morte por ter insultado o profeta Maomé) e na luta por emendas a leis de blasfêmia paquistanesas.
O Paquistão é um Estado islâmico. 95% da população é praticante do Islã, enquanto o restante primariamente pratica outras religiões como o hinduísmo, o cristianismo e o sikismo.
Chaudhry Mushtaq Gill apresentou uma queixa contra a Universidade através do ombudsman do Governo de Punjab em setembro de 2012. A Universidade perdeu o caso e o ombudsman decretou o seguinte:
"A Universidade de Sargodha teve vários editais para recrutamento depois de março de 2010 sem a prescrição da quota de 5% para minorias, o que viola a provisão das instruções da política. A má gestão da Agência está estabelecida".
De acordo com Gill, cerca de um ano se passou desde a provisão dessa ordem e a Universidade não retificou suas irregularidades.
O histórico fornecido pela Universidade ao ombudsman indica que 102 dos 111 cristãos contratados desde 2010 estão trabalhando como varredores de ruas, os outros nove cristãos restantes estão trabalhando como recepcionistas e jardineiros, sendo que um trabalha como lojista e o outro como atendente de laboratório.
A ocupação de varredor de rua é tradicionalmente considerada servil e degradante no sistema de castas indiano, ou seja, somente os "intocáveis" recebem empregos dessa categoria.
A "intocabilidade" é uma prática social-religiosa embasada no sistema indiano de castas que bane grupos minoritários, segregando-os da maior parte da sociedade. Muçulmanos paquistaneses ainda seguem o sistema de castas devido à proximidade em que viveram com hindus por centenas de anos. Cristãos são, em sua maioria, considerados como vindos da classe de intocáveis, e espera-se então que eles trabalhem em serviços inferiores como o de varredor de ruas, tanto no setor público como no privado.
Ao falar com a agência de notícias World Watch Monitor, Gill declarou que ações afirmativas governamentais estavam sendo consideradas sem importância. "Durante os procedimentos, antes do ombudsman, os funcionários da Universidade declararam que a cota não se aplica a empregos de alta colocação como o de professor, mas a notificação afirma claramente que se aplica a todos os postos do quadro de funções".
Gill ainda acrescentou que a Universidade de Sargodha não era a única universidade a ignorar as cotas para minorias. "Existem dúzias de outras universidades. Estão buscando as mesmas direções do ombudsman do Governo de Punjab [acerca disso] e alguns concordaram em implementar as cotas também", afirmou.
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