No dia 28 de fevereiro de 2013, a Universidade Presbiteriana Mackenzie recebeu no Centro Acadêmico João Mendes um debate intitulado “Diversidade Sexual e Liberdade Religiosa: Um casamento possível?”, os convidados para o debate foram o deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ), e o diretor honorário da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) e Procurador Regional da República, Dr. Guilherme Schelb.
A presença de Jean Wyllys, notório crítico da visão cristã sobre o homossexualismo, em um debate promovido por uma universidade regida por uma igreja evangélica, gerou uma série de críticas contra a instituição de ensino, que tem como chanceler o reverendo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes.
De acordo com nota da ANAJURE, o evento foi marcado por um clima de hostilidade contra Schelb, que chegou a ser vaiado por várias vezes ao expor a visão cristã como contraponto às ideias defendidas por Wyllys.
– Apesar do jurista, que atua no Ministério Público Federal e é um dos Procuradores da República mais respeitados do país, ter sido aberto ao debate equilibrado de ideias, enfrentou franca oposição, não só de argumentos, mas também de vaias em alguns momentos. – ressaltou a Associação, que explicou que durante as discussões, “o Dr. Schelb abordou aspectos jurídicos a respeito da criminalização de opiniões e manifestações de pensamentos contrários ao movimento gay, questões contempladas pelo PLC 122/2006, mostrando cabalmente o aspecto inconstitucional e autoritário da proposição”.
O ativista Julio Severo teceu fortes críticas à Universidade, e ao ser chanceler, afirmando que a instituição poderia ter vetado a presença do ativista gay no evento que, segundo ele, acabou servindo como “espaço de publicidade gratuita para Wyllys”.
– Se tivesse vetado, poderia pelo menos ter poupado o representante da ANAJURE das vaias e hostilidade que sofreu. Dá para imaginar um jurista evangélico ser humilhado diante de um supremacista gay dentro de uma universidade evangélica? É um quadro apocalíptico, e aconteceu no Mackenzie. – escreveu Severo, que criticou também o fato de Wyllys ter sido descrito nos documentos do evento na Universidade como um militante que atua no combate a “fundamentalistas religiosos”, o que seria uma clara alusão aos contates ataques do deputado às igrejas evangélicas.
Apesar de documentos sobre o debate afirmaram e que a presença de Wyllys foi promovida em parceria com a chancelaria da universidade, o chancelar Augusuts Nicodemus publicou uma nota em sua página no Facebook afirmando que a mesma só tomou conhecimento da presença do deputado em cima da hora, e como resposta só restou convidar o jurista evangélico como forma de oferecer um contraponto ao ativista gay, e “minimizar os efeitos” da sua presença.
– Infelizmente numa universidade do porte do Mackenzie diretórios estudantis realizam eventos se valendo da autonomia universitária dos quais só tomamos conhecimento em cima da hora, como foi o caso, só nos restando achar uma pessoa para fazer o contraponto, para tentar ao menos minimizar os efeitos. Lamento profundamente tudo isto ocorrido em nosso quintal e em nossas costas. O evento não foi promovido pelo Mackenzie, sua reitoria ou chancelaria – jamais. Fomos pegos de surpresa. É uma pena que pessoas que se dizem cristãs alardeiam fatos e os distorcem sem qualquer conhecimento de causa. – escreveu Nicodemus.
O debate foi criticado também pelo blogueiro e colunista do Gospel+ Paulo Teixeira, que classificou o evento como “Uma Vergonha”, e ressaltou o fato do procurador que representava a ANAJURE ter sido hostilizado na universidade.
Teixeira disse ainda que a presença do ativista gay na Universidade Presbiteriana Mackenzie fere os princípios cristão defendidos pela instituição em sua Carta de Princípios, que diz:
– O cristianismo reconhece que não é possível a existência de uma sociedade que seja completamente isenta da corrupção. A nossa esperança é o mundo vindouro, escatológico, a ser inaugurado com o retorno de Jesus Cristo, quando as causas da corrupção serão removidas para sempre. O que não significa que não devamos, com todas as nossas forças, lutar para que os valores do Reino de Deus sejam implantados aqui neste mundo, por meio de uma boa educação integral, que contemple não somente a formação intelectual e profissional, como também a formação de cidadãos éticos e compromissados com os valores morais que servem de base para famílias e sociedades sólidas e justas.
Apesar do clima de hostilidade que afirma ter sido enfrentado por ser representante, a associação Nacional de Juristas Evangélicos declarou estar sempre aberta a participar de debates desse gênero, sem impor de maneira autoritária sua visão sobre nenhum assunto.
– A posição da ANAJURE, neste sentido, é a de sempre participar das esferas acadêmica, pública e comum, de modo a deixar clara qual a posição cristã, sem que isso signifique a imposição autoritária da nossa cosmovisão, como é o caso de certos segmentos e movimentos sociais – afirmou em nota a associação que disse ainda que “é preciso lembrar que uma das características da universidade, desde a idade média, é a possibilidade de se discutir todos os temas sociais”.
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