Um dos maiores assaltantes de bancos da história do Rio Grande do Sul, Amarildo Rubinei Moreira, o Véio, começou uma nova vida. Aos 53 anos, convertido a Jesus e batizado, quer abrir uma empresa de reciclagem em companhia das duas netas. Foram 34 anos atrás das grades. Só foi solto em definitivo dia 24 de agosto. Cumprirá o restante em prisão domiciliar, usando uma tornozeleira eletrônica.

Ele já foi um dos 10 homens mais procurados do Estado, tendo ingressado pela primeira vez num presídio em 1981. Apesar de sempre ter bom comportamento, ficou conhecido pelas   fugas. Foram várias, sempre demonstrando ousadia.

Seguindo hoje os ensinamentos da igreja evangélica que frequenta, ele acredita que a violência atual só pode ser amenizada com um trabalho forte nas comunidades, especialmente com as crianças e adolescentes.

Em entrevista ao Zero Hora, Amarildo afirma que pretende usar sua experiência de vida para ajudar os jovens a sair do crime. “Comecei muito cedo, aos 17 anos. Passei por abrigos de menores e, por isso, acredito que o trabalho precisa mudar lá. Sem um foco, é apenas um preparo para as grandes penitenciárias”, avalia.

Amarildo já esteve na lista dos 10 homens mais procurados do Estado (Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS)

Amarildo já esteve na lista dos 10 homens mais procurados do Estado

(Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS)

Um de seus projetos inclui testemunhar para os mais novos: “Quero auxiliar e contribuir com conhecimento e a experiência que tenho… Tenho certeza que posso ajudar na diminuição da reincidência e na orientação de um jovem do Case (Centro de Atendimento Socioeducativa), por exemplo, que não precisa entrar nessa vida que outrora tive”.

Sua história vem sendo usada como um exemplo de sucesso na recuperação de criminosos no Rio Grande do Sul.

“O Amarildo está muito bem, determinado e influencia os demais. A fala dele mostra uma mudança de caráter. Ele afirma que nunca mais quer voltar para aquele lugar (o presídio), que não é lugar para um pai de família”, comemora Cristiane Battassini, que o acompanha dentro do projeto Justiça Restaurativa, programa do judiciário gaúcho.

“Acredito que estou no caminho certo. Com humildade, respeito e determinação vou conseguir me estabelecer e alcançar objetivos bons”, finaliza Veio, que hoje é um novo homem.