Timothy Keller é um dos autores evangélicos mais conceituados e lidos da atualidade, conhecido em vários países do mundo, e em um artigo para o jornal americano The New York Times o teólogo tocou em um assunto digno de muita polêmica no meio cristão, que é a relação da igreja com o mundo político.
Keller apresenta uma visão muito pertinente e biblicamente coerente, pois ele explica que a relação do cristão com a política vai muito além dos rótulos partidários e ideológicos propostos, por exemplo, por alguns candidatos e suas siglas. Isso, porque, o contexto social da antiguidade era diferente dos dias atuais.
“Por exemplo, seguindo tanto a Bíblia quanto a Igreja Primitiva, os cristãos devem estar comprometidos com a justiça racial e os pobres, mas também com a compreensão de que o sexo é apenas para o casamento e para a manutenção da família”, disse ele.
“Uma dessas visões parece liberal e a outra parece opressivamente conservadora. As posições cristãs históricas sobre questões sociais não se encaixam aos alinhamentos políticos contemporâneos”, explica.
Em outras palavras, o autor ressalta que algumas questões podem ser identificadas mais com a “direita” (aspectos morais) ou “esquerda” (aspectos sociais), mas que para o cristão essa noção se torna limitada quando sua referência moral é a doutrina bíblica, a qual deve ser soberana.
“A Bíblia mostra crentes como detentores de cargos importantes em governos pagãos – lembre de José e Daniel no Antigo Testamento”, disse ele, explicando que esse envolvimento foi “uma forma de amar ao próximo, acreditem eles ou não”.
“Trabalhar por melhores escolas públicas ou por um sistema de justiça que não seja contra os pobres ou para acabar com o racismo requer engajamento político. Os cristãos fizeram essas coisas no passado e devem continuar a fazê-lo”, destaca.
Com base nisso, o autor sugere que os cristãos devem enxergar a política além da polarização. “Os cristãos acabam empurrados para duas opções principais. Uma é ignorar tudo e tentar ser apolítico. A segunda é assimilar e adotar integralmente o pacote inteiro de um só candidato para conquistar seu lugar à mesa. Bem, nenhuma dessas opções é válida”, disse ele.
A forma correta, portanto, é observar os preceitos morais de Cristo e procurar se engajar com posições que refletem esses valores. Dessa forma o autor ilustra algumas situações que demonstram isso de modo amplo e que independem de questões partidárias, pois são de natureza essencialmente cristãs.
“O racismo é um pecado que viola o mandamento de Jesus para ‘amar o próximo’. Os mandamentos bíblicos para ajudar os pobres e defender os direitos dos oprimidos são imperativos morais para os crentes”, disse ele, concluindo então que “para os cristãos, denunciar as violações flagrantes desses requisitos morais não é opcional, mas uma obrigação”.
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