Grupos religiosos dos Estados Unidos iniciaram uma campanha contra a venda dentro de bases militares americanas de material que, segundo eles, seria pornográfico.
O Congresso americano decidiu há dez anos proibir a venda de material com conteúdo sexualmente explícito em bases militares.
O Pentágono então estabeleceu uma junta examinadora para analisar centenas de publicações e vídeos. Esta junta aprovou a venda de algumas revistas como Playboy e Penthouse em lojas em bases militares.
Mas desde então o secretário de Defesa americano, Robert Gates, vem recebendo dezenas de reclamações de grupos de combate à pornografia, alegando que as lojas dentro das bases militares estavam vendendo material proibido.
Maioria proibida
Em agosto, o vice-subsecretário de Defesa, Leslye Arsht, escreveu uma carta aos grupos religiosos dizendo que “baseado unicamente na totalidade de conteúdo de cada revista, elas não são sexualmente explícitas”.
Mas os grupos continuam furiosos. “Eles dizem 'não estamos vendendo coisas sexualmente explícitas'… e nós dizemos que é pornografia”, disse Donald Wildmon, presidente da Associação da Família Americana, um grupo cristão de combate à pornografia, ao jornal USA Today.
Wildmon afirmou que uma campanha foi lançada na última sexta-feira na qual os grupos vão enviar cartas para convencer o Congresso a “fazer com que o Pentágono obedeça à lei”.
O Pentágono se defende, afirmando que dos 473 títulos analisados, cerca de 67% foram proibidos.
Censura
A Lei de Decência e Honra Militares, de 1996, proíbe que lojas em bases militares vendam “material sexualmente explícito”. A definição usada na lei é que um filme ou material impresso é proibido quando “o tema dominante mostra ou descreve nudez” ou atividades sexuais “de uma maneira sensual”.
“Os advogados (do Pentágono)… determinaram que para uma revista ser considerada obscena e lasciva, certa porcentagem do conteúdo teria que cair naquela categoria. Analisamos para ver o quanto (de uma revista) era voltado para artigos ou propaganda que não tinham conteúdo sexual”, disse ao USA Today Steve Sellman, uma autoridade aposentada do Pentágono que presidiu uma junta examinadora no final dos anos 90.
“Eles dizem: 'Bem, 40% desta revista tem fotos sexualmente explícitas, mas 60% é escrita ou propaganda. Então a totalidade não é sexualmente explícita'. Isto é ridículo”, disse ao jornal Patrick Trueman, um ex-promotor federal que agora trabalha com o Fundo de Defesa Aliança, um grupo jurídico cristão.
Mas, para Nadine Strossen, professora de direito na Universidade de Nova York e que chefia a organização União Americana de Liberdades Civis, a lei de 1996 efetivamente censura o que soldados podem ler em áreas distantes ou de combate.
“Estamos pedindo para estas pessoas arriscarem suas vidas para defender nossos princípios constitucionais… e a eles está sendo negado o direito garantido pela Primeira Emenda, de escolher o que querem ler”, disse.
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