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Religiosos aproveitam os Jogos Olímpicos para divulgar suas crenças ao público
Deus está nos detalhes. Segundo a Secretaria municipal de Turismo, o Rio está recebendo durante a Olimpíada um milhão de turistas (sendo 350 mil estrangeiros). Para líderes religiosos, são um milhão de almas para agregar ao seu rebanho.
Nessa disputa espiritual, cada um compete na sua modalidade. Igrejas católicas da Zona Sul organizam missas em idiomas estrangeiros, a Catedral Presbiteriana coloca voluntários poliglotas em seus cultos, muçulmanos pregam no entorno do Parque Olímpico, judeus prestam auxílio espiritual em pontos turísticos e jovens evangélicos oferecem trocar brindes por palavras bíblicas perto de arenas. Já as testemunhas de Jeová cariocas foram ambiciosas: durante os Jogos, estão realizando a maior campanha de divulgação de sua história.
— Em épocas de grandes eventos, realizamos o chamado Testemunho Público Especial, enviando voluntários com material de divulgação a pontos de grande circulação — explica Ricardo Carneiro, ancião (uma espécie de dirigente) da congregação de Ipanema e um dos responsáveis pela campanha. — Já fizemos esforços semelhantes na Jornada Mundial da Juventude (2013), na Copa do Mundo (2014) e no Rock in Rio (2015), mas essa é a maior das nossas mobilizações.
Das 40 mil testemunhas de Jeová da cidade do Rio, três mil estão cumprindo turnos de três ou quatro horas em cem pontos nos arredores de todas as arenas olímpicas. Das 7h às 20h, em torno dos locais de disputa, há sempre duplas de homens ou mulheres vestindo traje formal e acompanhadas de dois carrinhos com revistas em português, inglês, espanhol, chinês e outros idiomas. Karine de Mattos, técnica de segurança do trabalho que mora em Quintino, se diz muito feliz de participar da campanha ao lado do Engenhão.
— É maravilhoso participar deste esforço. Espero que brasileiros e estrangeiros levem nosso material, visitem nosso site, se encantem e apliquem nossos princípios — afirma Karine.
GRUPOS FAZEM PREGAÇÃO NO CALÇADÃO
Quem também marca presença no entorno dos locais de disputa são os jovens da Conexão Voluntários em Campo, que reúne membros de várias congregações evangélicas. Semana passada, eles estavam próximos à arena de vôlei de praia, em Copacabana. Animados, abordavam o público, oferecendo pulseiras com seis bolinhas coloridas (cada uma representa um passo de um “plano de salvação) e pintura facial para os torcedores. Buscavam, ao mesmo tempo, passar mensagens bíblicas, mas o pessoal parecia mais interessado em ganhar a Bandeira do Brasil na bochecha e continuar o passeio pela praia.
Alguns metros à frente no calçadão, estava o argentino Ari Levy, da organização judaica Chabad Lubavitch. Ele faz parte de um grupo de voluntários convocados pelo rabino Yehoshua Binyomin Goldman para atuar em pontos turísticos do Rio durante a Olimpíada. Ari conta que seu trabalho consiste em abordar possíveis judeus e perguntar se precisam de uma prece, do endereço da sinagoga mais próxima ou de um fornecedor de comida kosher (preparada segunda as leis judaicas). Ele, que também fica na Praça Mauá e no Parque Olímpico, se desculpa após abordar o repórter do GLOBO (que não é judeu) e se explica:
— Errei com você, mas aqui há muita gente de muitos países. É uma ótima chance de encontrar vários judeus e aproximá-los do judaísmo.
A Igreja Católica também se mobiliza para atrair os fiéis estrangeiros na cidade. A Paróquia Nossa Senhora de Copacabana, na Rua Hilário de Gouveia, está realizando duas missas em inglês durante os Jogos Olímpicos, aos sábados (19h) e domingos (11h30m).
Já a Paróquia São Paulo Apóstolo, na Rua Barão de Ipanema, tem missa em espanhol no sábado (18h30m) e em italiano no domingo (17h), além de decoração olímpica interna (aros de flores no altar) e externa (bandeiras e cartazes coloridos com “bem-vindo” em várias línguas). A iniciativa é do padre Paulo.
— A Igreja está inserida em um contexto, não podemos ignorar a Olimpíada, nem a presença de turistas na paróquia — diz ele, responsável pela oração (e pelas confissões) em italiano.
MULÇUMANOS ENFATIZAM DEFESA DA PAZ
A entrada do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, é o ponto de pregação dos muçulmanos do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina. Acompanhado de mulheres — em sua maioria, cariocas que se converteram à religião —, o sírio Kamal Chain explica que o objetivo do grupo é esclarecer que o verdadeiro muçulmano defende a paz:
— Tanto a Bíblia, quanto a Torá (livro sagrado dos judeus) e o Alcorão (dos muçulmanos) condenam a violência e que se matem pessoas.
Integrante do grupo, Jamilia de Lima ressalta que as pessoas reagem tanto com incentivos como com ofensas:
— Já nos chamaram de terroristas, teve quem desejasse que queimássemos no inferno. Mas se assustam quando desejamos um bom dia em português. O importante é esclarecer a todos.
Fonte: http://folhagospel.com/modules/news/article.php?storyid=32570
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