Um dos líderes cristãos de Mianmar disse que proteger a liberdade de religião é um dos maiores desafios que o país está enfrentando atualmente, principalmente após 50 anos de regime militar severo. "Nosso trabalho tem sido árduo para defender os direitos dos cristãos e banir a discriminação. Lutamos para estabelecer a igualdade dos direitos para todos os cidadãos birmaneses de cada etnia e de cada religião", disse Charles Maung Bo, um dos representantes dos cristãos no país, em seu discurso no Parlamento do Reino Unido que aconteceu em maio, em Londres. Segundo ele, a liberdade de religião é o direito mais básico de todos. "Se não houver liberdade para a escolha da fé, então não há liberdade alguma. É preciso respeitar a diversidade étnica e religiosa em Mianmar e as pessoas merecem o direito de praticar uma religião em que acreditam e partilhar isso com os outros ou mudar a crença se assim desejarem. O que não podemos é continuar assistindo a esses conflitos absurdos e violentos", comentou.
Mianmar se encontra na 23ª posição da atual Classificação da Perseguição Religiosa e está entre os países que trata os cristãos com mais violência. A perseguição vem principalmente de grupos budistas radicais e de militares. Charles disse que, no ano passado, duas professoras de uma escola cristã foram violentadas e assassinadas, pelo menos 66 igrejas do estado de Kachin foram destruídas desde o início dos conflitos de 2011 e milhares de pessoas estão deslocadas. "Os militares transformaram a religião em uma ferramenta de opressão", disse Charles que já alertou o novo governo que atua há seis meses que vai convidar o relator especial da ONU que trata os assuntos sobre Liberdade de Religião ou Crença para visitar o país, e advertiu contra um conjunto de novas leis introduzidas pelo último governo conhecidas como "Proteção das Raças e Leis Religiosas" que representam um perigo para as minorias.
"Todo governo deveria seguir o exemplo de Jesus para tornar as pessoas livres. O fundamentalismo deles só espalha o ódio, precisamos instituir o amor nas sociedades. Nossa democracia é muito frágil e os direitos humanos não saem do papel. Somos uma nação ferida, que sangra por não respeitar a diversidade em nosso meio. Temos aqui muitas etnias, culturas, idiomas e religiões, é impossível querer que tudo e todos se transformem numa coisa só, seria como destruir a beleza dessa nação. Acredito que a paz que todos buscamos está no respeito ao próximo que começa justamente na liberdade de escolha de uma crença. Deus mesmo disse ‘Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zacarias 4.6)", conclui Charles. Ore por essa nação.
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