O novo presidente da Coréia do Sul, Lee Myung-Bak, tomou posse no dia 25 de fevereiro passado. A mudança fez crescer o interesse e a preocupação da nação em relação ao peso da religião na política. Lee Myung-Bak é membro de uma famosa igreja protestante. É conhecido o seu fervor religioso desde o tempo em que foi presidente da Câmara Municipal da capital, Seul.
Muitos se perguntam sobre a possibilidade de as Igrejas protestantes virem a exercer uma certa influência nos assuntos de estado nos próximos cinco anos. Mesmo sendo membro de uma importante igreja presbiteriana, o fato não lhe terá valido muito mais votos nas eleições presidenciais de 19 de dezembro último.
Segundo a Constituição sul-coreana a separação entre política e religião é um direito adquirido. Porém, as comunidades católica, protestante e budista exerceram uma influência considerável durante a recente história turbulenta do país (invasão japonesa, movimento democrático e ditaduras militares). As três comunidades defenderam e promoveram os direitos humanos, sobretudo na área da liberdade e justiça religiosa, social e política.
Com a chegada da democracia e da estabilidade social, as pessoas não desejam que a religião exerça um papel determinante como o que teve no passado. Pelo contrário: cresceu a desconfiança em relação ao crescimento numérico e econômico de muitas igrejas.
Descontentamento com a comunidade cristã
Nos últimos anos foram tornados públicos vários escândalos, sobretudo financeiros, que envolveram algumas mega-igrejas e os seus pastores. O descontentamento para com a comunidade cristã em geral cresceu visivelmente.
Estes casos vêm no momento em que Lee Myung-Bak assume o poder. A população é manipulada, utilizando apenas os aspectos negativos de algumas igrejas, ao passo que o lado positivo é silenciado.
Diversas igrejas mandam missionários para outros países, praticando caridade dentro e fora das fronteiras. Por exemplo, cerca de 80% dos voluntários que combateram a poluição em Tean, zona afetada pelo derrame de petróleo no início de dezembro passado, eram membros de igrejas, a grande maioria protestantes.
Os coreanos esperam que o novo presidente não caia na tentação de misturar política com religião, embora seja inevitável que a marca cristã dele possa influenciar as suas decisões.
Álvaro Pacheco
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