Mulheres do grupo étnico chin estão "sob constante ataque", segundo um relatório que documenta a prática do estupro pelo exercito birmanês.
O relatório chamado "Crimes Ocultos Contra as Mulheres Chin", foi escrito pela Liga Feminina da Chinlândia, uma organização guarda-chuva que compreende nove grupos de direitos humanos de diferentes partes do Estado de Chin.
A organização de direitos humanos britânica Christian Solidarity Worldwide (CSW) trabalha com a Liga Feminina da Chinlândia. A CSW fez, em março deste ano, uma viagem investigativa à fronteira entre a Índia e Mianmar, e foi ela quem disponibilizou o relatório.
As mulheres chin "não estão seguras em suas terras e nem em suas próprias casas", diz o relatório. Segundo ele, os soldados birmaneses destroem a vida das mulheres e, à medida que a presença militar aumenta, crescem também os crimes sexuais no Estado de Chin.
O relatório documenta 30 casos de estupro dos soldados do exercito birmanês contra as mulheres chin. Mas, ele diz também que mais casos não foram relatados porque as mulheres têm medo de falar.
Conforme o relatório, o estupro é uma realidade no Estado e o medo do estupro é, de longe, a arma mais poderosa contra todos os chin. "Ao atacar as mulheres chin, toda a etnia é humilhada e terrivelmente desrespeitada."
Conforme uma vítima, "Fora de Chin, você precisa pagar para ter mulheres, mas aqui o pagamento não é necessário; elas podem ser capturadas de graça".
A etnia chin é 90% cristã e sofre perseguição religiosa de várias formas por décadas. Os cristãos chin sofrem perseguição por dois motivos: etnia e religião. "Se você tem dois C - se é um Chin e um Cristão - você não tem nada em Mianmar, nem um futuro", disse uma estudante universitária aos entrevistadores.
Além do estupro, o relatório afirma que os soldados do exército de Mianmar receberam uma promessa de 100 mil quiates (15.576 dólares) para quem se casasse com uma mulher chin. Os incentivos aos soldados birmaneses, budistas em sua maioria, para se casarem com mulheres cristãs chin são parte da estratégia do regime de "birmanizar" o país, diz o relatório.
"Crimes Ocultos Contra as Mulheres Chin" sucedeu publicações que documentam o estupro amplo e sistemático e a escravidão sexual no Estados Karen, Shan e Mon. A CSW afirma que as alegações de estupro foram investigadas e confirmadas pelo Departamento de Estado dos Estado Unidos, depois da publicação "Licença para Estuprar", escrita em 2002 pela Rede de Ação das Mulheres Shan e pela Fundação Shan de Direitos Humanos. Os shan são um grupo étnico de Mianmar, e estão concentrados no Estado de Shan.
O presidente executivo da CSW, Mervyn Thomas, disse em uma reportagem: "Há agora evidências abundantes do amplo uso do estupro como uma arma de guerra em Mianmar. O estupro sistemático é um crime contra a humanidade e a comunidade internacional deve tomar medidas para evitar que mais mulheres vulneráveis em Mianmar se tornem vítimas deste regime brutal. O Conselho de Segurança da ONU não tem tempo a perder - ele deve cuidar da crise em Mianmar imediatamente".
A CSW é uma organização de direitos humanos especializada em liberdade religiosa e trabalha em favor daqueles que são perseguidos por sua fé cristã.
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