Uma pesquisa constatou que o aumento do acesso à internet está influenciando diretamente no aumento do número de pessoas que deixam de ir às igrejas.
O estudo, conduzido pelo pesquisador Allen Downey, da Universidade de Engenharia da Computação Olin College, em Massachusetts (EUA), mostra que a popularização das redes sociais é um dos fatores principais.
“O aumento do uso da rede mundial nas últimas duas décadas causou grande impacto na filiação religiosa. É fácil imaginar que uma pessoa que foi educada em uma determinada religião possa se afastar dela, mas a proporção atual foge das tendências ao longo da história”, disse Downey, que cruzou dados para provar a correlação entre a ausência de fiéis nas igrejas e o aumento de usuários de redes sociais.
Para a jornalista e doutora em Comunicação Social Magali do Nascimento Cunha, fiel da Igreja Metodista e professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, esse movimento preocupa porque é propício ao surgimento de heresias.
“Já se pode falar em uma ‘religiosidade cibernética’, formato para expressão da fé surgida com o avanço da internet e das novas tecnologias […] Basta ter uma conta sem custo nas mais populares redes sociais digitais, como Facebook ou Twitter, e o espaço está garantido para a livre manifestação”, afirmou à revista Cristianismo Hoje.
Nessa igreja virtual, tradições e doutrinas sofrem o efeito da relativização, segundo a doutora: “Questionamentos são feitos a todo tempo, doutrinas e posturas teológicas contrárias às perspectivas denominacionais são pregadas”, resume.
No entanto, a difusão de heresias não parte apenas do rebanho. Muitos pastores, cientes do potencial das redes sociais, utilizam a ferramenta como extensão ilimitada do púlpito. “Não há nenhum outro grupo no Brasil com mais poder de mobilização na rede social do que os evangélicos […] Há um enorme poder multiplicador, e as notícias, entre nós, se propagam rapidamente”, analisa o blogueiro Danilo Fernandes, editor do site Genizah, especializado em apologética e humor.
A explicação para isso, segundo Fernandes, é porque o evangélico dá muita credibilidade ao que outros evangélicos dizem. Se por um lado isto torna o grupo coeso, também expõe vulnerabilidade, por permitir que mensagens incoerentes com a Bíblia conquistem audiência. “Isso está em todo lugar. Até gente com perfis fake atraem seguidores”, observa.
O reverendo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes diz que esse cenário estabelece uma linha tênue entre o uso sadio das redes sociais e o uso pecaminoso: “As mesmas pessoas que postam declarações de fé e amor a Jesus também transmitem conteúdo com palavras chulas e palavrões do pior tipo – até mesmo, fotos eróticas […] A pureza e a santidade requeridas na Bíblia para os cristãos abrangem não somente seus atos como também seus pensamentos e suas palavras”, critica o reverendo, que acredita que essa vulgarização reflete a superficialidade do cristianismo no Brasil.
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