O Vishwa Hindu Parishad (VHP) da Índia, conhecido como Conselho Hindu Mundial, realizou uma grande reunião na véspera de Natal no distrito dos Dangs, sul de Gujarat. O VHP alegou que 500 membros de grupos tribais se reconverteram ao hinduísmo durante o comício. Os cristãos locais e as autoridades do governo refutaram a alegação.
Praveen Togadia, secretário geral do VHP, pediu inicialmente permissão para realizar a reunião para reconversão, conhecida como sammelan, em Navapur, Estado de Maharashtra. Isso despertou temores de violência durante o período de Natal. Navapur, onde 40% da população tribal é cristã, faz divisa com o distrito dos dangs no sul de Gujarat. Uma grande reunião realizada ali na véspera do Natal de 1998 fez explodir uma violência contra os cristãos que durou dez dias, marcada pela destruição de vinte igrejas locais e um número de 'reconversões' forçadas de cristãos locais.
Quatro mil pessoas foram à reunião na cidade de Ahwa na véspera do Natal de 1998. De acordo com um relatório de 1999 publicado pela Human Rights Watch, os tumultos começaram quando os hindus que estavam na reunião atiraram pedras contra quinze cristãos na rua. Os cristãos retaliaram atirando pedras de volta contra os hindus, que então atacaram em massa a igreja local do Norte da Índia e um colégio cristão, danificando lojas cristãs e muçulmanas por onde passavam.
Tarde daquela noite, caminhões lotados de participantes da reunião foram aos vilarejos vizinhos, destruindo salões de oração e assaltando cristãos. Cerca de 25 moradores cristãos foram levados para as águas quentes de Unai, ali perto, para realizar uma cerimônia forçada de reconversão, apesar do fato de, a exemplo da maioria de outros cristãos do distrito, eles terem sido animistas antes da conversão ao cristianismo.
Os moradores disseram à Human Rights Watch que cederam para não criar problemas com os hindus, mas que de fato não haviam desistido da fé. Eles disseram: 'Agora vocês são hindus', mas nós permanecemos cristãos, disse um morador.
Os distúrbios nos Dangs foi precedida pelo primeiro censo do Estado de Gujarat, onde foram coletadas informações sobre o local e as atividades dos cristãos que vivem no Estado.
Mais violência contra as minorias religiosas irromperam em Gujarat em fevereiro de 2002, resultando em centenas de mortes e no deslocamento de milhares de muçulmanos para campos provisórios de refugiados. Togadia, referindo-se aos tumultos de Gujarat, declarou em dezembro de 2002 que: Todos os que se opõem ao hindutva terão a pena de morte, e vamos deixar que o povo faça isso.
Em resposta, Abraham Mathai, vice-presidente da Comissão de Minorias do Estado de Maharashtra, insistiu com o vice-primeiro ministro, Chhagan Bhujbal que revogasse a permissão concedida para a sammelan programada para a véspera do Natal de 2003.
Falando à comunidade cristã de Navapur, Mathai disse: Eles temem que elementos da comuna venham em grande número do distrito vizinho dos dangs e se somem à violência.
O VHP distribuiu folhetos anticristãos em preparação para a reunião de 2003, repetindo táticas usadas há cinco anos. Uma reportagem de um jornal local no dia 23 de dezembro disse que os ativistas hindus já haviam atacado vinte cristãos no dia anterior no vilarejo de Bhendgwahn, Maharashtra.
Em resposta ao pedido de Mathai, o governo do Estado de Maharashtra invocou a Seção 144 do Código Penal indiano para proibir a reunião em Navapur. Togadia, que deveria ser o convidado de honra do evento, foi também proibido de entrar em Navapur.
O VHP mudou então o local da reunião para Lalmati, em Gujarat, a apenas dois quilômetros de Navapur, na fronteira de Gujarat com Maharashtra.
Vyankatesh Abdev, presidente da unidade do VHP em Maharashtra, alegou que um pastor do distrito vizinho de Navapur e vários outros membros de sua igreja estavam entre os quinhentos que se reconverteram ao hinduismo durante a reunião.
De acordo com autoridades do VHP, o pastor Motu disse que fora convertido 'à força' por missionários há alguns anos e que depois da sammelan ele traria mais cristãos tribais para o aprisco hindu.
Jaideep Patel, secretário geral da unidade do VHP em Gujarat, disse que a reunião era parte do ghar vapsi do VHP, o programa de retorno ao lar, atualmente realizado em muitas áreas tribais na Índia.
Os tribais têm apenas de vir ao templo do seu vilarejo e prestar obediência e respeito, disse Patel. Depois disso, nós consideramos que eles se tornaram hindus novamente.
Samson Christian, presidente estadual do Conselho Cristão da Índia, refutou a alegação do VHP de quinhentas reconversões. Só vamos acreditar nisso se o VHP nos der a lista dos que eles alegam terem se tornado hindus, disse Christian.
O padre Cedric Prakash, um ativista jesuíta do grupo de direitos humanos Prashant, concordou: Não temos detalhe algum, nem sequer sabemos de qual grupo cristão eles estão falando.
Autoridades do governo presentes à cerimônia também rejeitam a alegação do VHP de quinhentas reconversões, dizendo que havia somente um pastor e cerca de uma dúzia de cristãos ao evento.
Durante a reunião de reconversão, Togadia apelou ao governo do Estado que adote leis anti-conversão semelhantes às que foram impostas em cinco outros Estados indianos.
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