Com a permanente pressão política sobre o pastor Marco Feliciano, os movimentos sociais de protestos contra sua permanência à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) se intensificam.
Na tarde desta segunda-feira, 25/03, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio de Janeiro, abrigou um protesto que contou com a presença de diversas lideranças religiosas e artistas. Organizada pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o ato teve presença dos cantores Caetano Veloso e Preta Gil, e dos atores Wagner Moura, Leandra Leal e Dira Paes, além dos deputados federais Chico Alencar e Jean Willys (PSOL-RJ), e Alessandro Molon (PT-RJ). A rádio CBN cobriu o evento e veiculou uma reportagem da manifestação, que reuniu 600 pessoas. Ouça aqui.
“Não é um movimento contra os cristãos e nem uma luta contra um deputado específico. Por isso chamamos lideranças de diferentes religiões, que aqui estão representadas e exigem direitos humanos para todos. Não basta a troca do Feliciano, porque existe um grupo político que hoje é maioria na Comissão de Direitos Humanos. Precisamos lutar para mudar essa proporcionalidade da maioria dentro da comissão”, disse Marcelo Freixo, segundo informações do Jornal do Brasil.
A ABI foi o palco escolhido também para o protesto organizado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) e pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), no mesmo dia, porém à noite. “[Queremos] alertar a sociedade para a necessidade de que se tenha na Comissão de Direitos Humanos da Câmara uma pessoa que de fato represente todas as diversidades e as minorias descriminadas. A comissão, como ela está hoje, não só não representa como é contrária a essas minorias e às suas principais reivindicações”, disse o babalawo Ivanir dos Santos, representante da CEAP.
No último domingo, 24/03, a Anistia Internacional classificou a manutenção de Feliciano na presidência da CDHM como “inaceitável” devido às suas “posições claramente discriminatórias em relação à população negra, LGBT e mulheres”.
A Anistia Internacional ainda pontuou que o fato de Feliciano ter sido confirmado no cargo apesar dos protestos contrários é uma situação delicada: “É grave que tenha sido alçado ao posto a despeito de intensa mobilização da sociedade em repúdio a seu nome”, diz a nota, de acordo com a Folha de S. Paulo.
Os protestos internacionais contra Marco Feliciano não se resumiram à nota da Anistia Internacional. No sábado, 23/03, um grupo de manifestantes brasileiros que vive na França protestou em frente à Embaixada Brasileira em Paris e redigiu uma carta aberta contra a permanência do pastor no cargo máximo da CDHM.
No mesmo dia, o cantor Dinho Ouro Preto, vocalista da banda Capital Inicial discursou contra Feliciano durante um show em São Paulo, onde haviam mais de 6 mil pessoas. Classificou o deputado como “racista, homofóbico” e clamou a uma “revolução” contra políticos corruptos.
O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou que o pastor “perdeu as condições mínimas para presidir uma comissão da Câmara” devido aos protestos. Segundo informações de Lauro Jardim, Alves se reunirá com Feliciano para fazer um apelo em favor de sua renúncia. O próprio jornalista da Veja ressalta, no entanto, que a postura do deputado Marco Feliciano é irredutível e ele não renunciará.
O grupo Pingo na Pia produziu um vídeo em que diversas pessoas se manifestam contra Marco Feliciano segurando um cartaz redigido de próprio punho, em que pedem, com suas próprias palavras, a saída do deputado da CDHM.
Outro manifesto contra o pastor foi realizado na noite de ontem na chapelaria do Congresso, e discursaram em favor de um estado laico. Formado por manifestantes que já estiveram protestando em sessões da CDHM, o grupo estendeu cartazes, acendeu velas e gritou palavras de ordem. Entre os cartazes, lia-se frases contrárias ao cristianismo, como “País sem pobreza é país sem dízimo”.
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