Em novembro de 1998, foi iniciado o projeto Resgate de Vidas no Sudão, com o objetivo de doar Bíblias, alimento e materiais básicos (redes de proteção contra mosquitos, sabão, panelas, cobertores e roupas). Na última parte do projeto, em 2000, seria realizada uma entrega pessoal de Novos Testamentos. Para fazer isso, dois grupos tiveram que se organizar, mas os carregadores não sabiam que isso traria tantos riscos para suas próprias vidas. Leia abaixo o relato de um deles:
"Só a viagem até as comunidades cristãs espalhadas pela região custaria nove dias de caminhada. Nós, os carregadores, já estávamos caminhando há três dias. O terreno era pantanoso, o que impedia paradas para descanso. A carga pesava mais a cada hora e não era possível colocá-la no chão, pois era terreno alagado e enlameado. Acima de tudo, o medo acompanhava nosso grupo de jovens cristãos que ousava cruzar uma área próxima do rio Nilo: mais um pedaço do Sudão em que havia fogo cruzado entre o exército e a guerrilha."
Ataques de soldados e guerrilheiros
Depois de três dias a pé, o grupo menor, de 20 jovens, via a confirmação de seus temores: "Ainda era cedinho quando de repente abriram fogo contra a gente. Cada um correu para um lado, e dez de nós caíram feridos, em estado de choque, sem qualquer alternativa senão se fingir de morto. Esperamos paralisados, até que os soldados da Frente Islâmica Nacional chegaram correndo, aos gritos, saqueando tudo o que viam. Felizmente, eles foram embora logo".
Dois irmãos morreram ali mesmo. "Foi só pela proteção do Senhor que estamos vivos para contar a história. Eram muitos soldados! Ficamos lá, caídos, quietos, orando por nossas vidas. A dor começou a aumentar muito, porque o estado de choque estava passando. Alguns começaram a se preparar para a morte."
Quando chegou a noite, o resto da equipe, que havia conseguido fugir, voltou com irmãos das proximidades e nos carregaram para longe dali. Foram mais três dias de caminhada.
No mesmo dia, um grupo maior, de 120 irmãos, precisou passar por uma área de fogo cruzado entre o exército e a guerrilha que quer a independência do sul do país. No meio do tiroteio, todos jogaram seus pertences fora e dispararam correndo para salvar as vidas: "Nós sumimos dali praticamente nus". Seis membros do grupo foram gravemente feridos.
Operação de resgate de feridos
Depois de cuidarem dos ferimentos com os pouquíssimos recursos disponíveis, os coordenadores do carregamento entraram em contato com várias agências médicas internacionais, pedindo ajuda para transferi-los para que recebessem tratamento adequado. Por diferentes razões, todas as organizações recusaram-se a nos socorrer. Foi então que as igrejas entraram em contato com a Portas Abertas, que se envolveu de novo, porque tudo havia começado com sua entrada de Novos Testamentos.
Depois de um mês e meio de tentativas fracassadas de aterrissagem, finalmente a equipe da Portas Abertas África conseguiu pousar o avião que levaria os feridos para um hospital. Na primeira vez, a pista de pouso estava alagada; na segunda, o avião se perdeu e não tinha combustível para continuar procurando. A equipe foi recebida por um coral improvisado que cantava: "Deus ouviu nossos apelos e usou homens para responder nossas orações".
nfelizmente, um dos feridos morreu antes da chegada da Portas Abertas, que levou quatro irmãos com ferimentos infeccionados e deixaram um kit médico, hinários, mais Novos Testamentos, sal e sabão. O pastor da igreja assegurou: "O que vocês trouxeram vai salvar mais vidas do que o planejado".
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