Antes de sair do seu gabinete, os repórteres sufocaram o ministro do Exterior Abdullah Abdullah com perguntas sobre o controverso caso apostasia de seu país. O fato aconteceu no dia 21 de março, durante uma entrevista coletiva em Washington, D.C. A conferência era sobre os diálogos de estratégias de parceira entre os EUA e o Afeganistão, realizados em Washington.
Abdullah reconheceu que a embaixada afegã em Washington recebeu centenas de mensagens, desde que o julgamento do cristão afegão Abdul Rahman foi publicado semana passada. Mas o ministro disse que seu governo não tinha nada a ver com o caso.
Abdul, acusado de ter abandonado o islamismo há 16 anos, está sujeito à execução sob a lei islâmica do Afeganistão.
"Sei que essa é uma questão delicada e conhecemos as preocupações do povo norte-americano. Mas espero que através de nosso processo constitucional, venhamos a ter um resultado satisfatório", Abdullah disse.
Ao lado de Abdullah, o secretário de assuntos políticos dos EUA, Nicholas Burns, negou a possibilidade de uma interferência direta do país na soberania afegã. Mas ele admitiu que, do ponto de vista norte-americano, as pessoas devem ser livres para escolher sua própria religião.
Há dois dias, o Departamento do Estado dos EUA confirmou que a nação estava "acompanhando" os procedimentos judiciários, enfatizando que havia "interpretações diferentes" da atual constituição afegã no país. A liderança afegã foi intimada a "realizar seu julgamento. da maneira mais transparente possível", o porta-voz falou.
"Esse absurdo precisa parar"
Enquanto isso, os ocidentais que fazem parte da coalizão internacional de tropas enviadas para o Afeganistão se horrorizaram e logo condenaram o julgamento.
Advogados e líderes na Itália e Alemanha declararam ser "intolerável" que soldados de todas as religiões morressem para proteger um país que ameaçava matar seus próprios cidadãos convertidos ao cristianismo. O Canadá confirmou que também acompanhava o caso e o ministro do Exterior alemão disse estava muito preocupado.
O político alemão da oposição Rainer Bruderle disse ao jornal "Bild" que se o Afeganistão não modernizar seu sistema legal, a Alemanha repensará sua ajuda para lá.
O governo italiano intimou o embaixador afegão a voltar para Roma para discutir o caso de Abdul. Depois disso, uma declaração do Ministério do Exterior prometeu que a Itália iria se mobilizar para evitar algo que é incompatível com a defesa dos direitos humanos e das liberdade fundamentais.
Nick Harvey, do parlamento britânico alertou: "Processar ou até matar alguém por ter uma fé diferente é inaceitável". Alan Simpson, também membro do parlamento, declarou ao ao "The Times", em Londres: "Esse absurdo precisa parar".
Um líder afegão reagiu à dura crítica do governo alemão sobre o julgamento. O líder disse ao jornal "Neue Osnabrueceker Zeitung" que "a reação exaltada e emocional dos políticos alemães é exagerada e causou aborrecimento entre os afegãos".
O ministro da Economia afegão, Amin Farhang, afirmou que, apesar dos "fanáticos exigirem a pena de morte em tais casos", não é provável que essa seja a sentença dada a Abdul.
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