Apesar das declarações de que iria acatar a decisão tomada pelo PSC de manter Marco Feliciano na presidência da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) presidente da casa, tentará mobilizar todos os líderes de partidos para forçar a saída do pastor.
A informação foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, em sua coluna Radar Online, no site da revista Veja.
O caso tem tomado proporções inéditas e causado bate-boca público entre parlamentares. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) cobrou publicamente que Eduardo Alves solucionasse o caso, e viu o líder do PSC, André Moura (SE) rebater prontamente à pressão.
“Eu disse que se houver pressão eu cancelava a reunião. Nós vamos manter a nossa pauta, mas sem pressão, a intenção é decidir essa situação ainda hoje, mas não tem problema nenhum deixar para depois da Páscoa, um mês ou dois meses”, disse Moura, afirmando que exigia respeito à autonomia de seu partido.
Contrariado, Valente lamentou a posição do líder do PSC: “A reação do André Moura foi muito ruim, ele disse que, se a gente forçasse a barra, ele ia manter o Feliciano”, disse o parlamentar do PSOL, após deixar uma reunião sobre o assunto.
Henrique Eduardo Alves criticou a manutenção de Feliciano no cargo e afirmou que tentará argumentar pessoalmente com o pastor, junto a outros líderes de partido, para convencê-lo a renunciar: “Lamentavelmente, hoje, a decisão [do PSC] veio em contrário àqueles entendimentos anteriormente encaminhados. Diante dessa realidade, que nós respeitamos, a decisão consensual foi convidarmos o deputado Marco Feliciano para na próxima terça, às 11h, ter uma reunião com todos os líderes partidárias desta Casa, na busca de uma solução respeitosa, democrática, que esta Casa está esperando”, sinalizou o presidente da Câmara, segundo o G1.
Alguns líderes de partidos manifestaram suas posições contrárias à permanência do pastor no cargo: “Acho que o PSC erra ao não perceber o impedimento político do deputado Marco Feliciano. Ele deveria se dar como moralmente impedido para ocupar aquele espaço. Sua permanência no cargo de presidente da comissão perpetua um desgaste ao Legislativo”, reclamou a deputada Manuela D’Ávila (PC do B – RS).
Ivan Valente, que já havia se queixado a respeito da decisão do PSC, voltou a criticar a escolha feita pelo partido: “Regimentalmente, não tem como solucionar o impasse imediatamente. A não ser que haja a quebra de decoro parlamentar [por parte de Feliciano], o que poderia levar a uma representação na corregedoria da Câmara”, disse o deputado.
Na contramão do discurso pregado pelos demais líderes, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou que toda a pressão contra Marco Feliciano é baseada em “perseguição religiosa”, e que os políticos deveria ater-se ao comportamento do pastor enquanto deputado: “Não se pode transformar a Comissão de Direitos Humanos em palco de profundo desrespeito aos evangélicos brasileiros. Se ele [Feliciano] cometer qualquer ato discriminatório contra quem quer que seja, na presidência da comissão, ele tem de ser julgado por esse ato. Agora, por atos que ele faz no púlpito da igreja, não tem cabimento”, observou o ex-governador do Rio de Janeiro.
Marco Feliciano reagiu às pressões dos colegas parlamentares e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, contra-atacando com críticas às posturas adotadas por eles: “O presidente [Alves] foi muito infeliz e tem teto de vidro: pouco tempo atrás, também havia uma campanha para ele não assumir a presidência da Câmara […] O meu público entende perfeitamente o que estou fazendo e sabe que há muita hipocrisia aqui na Câmara. O que estamos vendo é uma grande cortina de fumaça”, disse, fazendo referência indireta à indicação de deputados petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal no processo do Mensalão, para cargos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Câmara.
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