Carlos Mesa estava em sua casa em La Paz na noite de 17 de outubro quando soube que o Congresso Boliviano o elevara à presidência da conturbada nação sul americana. Os repórteres reuniram-se em frente à sua porta, esperando registrar a primeira declaração pública do presidente.
Quero a bênção de Deus para poder enfrentar este desafio, disse-lhes Mesa. Precisamos de toda força do nosso coração, nossa alma e espírito porque temos uma tarefa muito, muito importante à nossa frente.
Dois itens da agenda do presidente durante seus primeiros dias no cargo reforçaram seu apelo por orientação divina para enfrentar os problemas críticos que o país está enfrentando. A primeira aparição pública de Mesa foi em uma missa católica romana celebrada na catedral nacional.
Três semanas após assumir o cargo, o presidente reuniu-se com líderes evangélicos em La Paz, a primeira reunião oficial em mais de uma década entre protestantes bolivianos e o seu chefe de Estado.
O presidente Mesa expressou sua gratidão pelas orações e pelo apoio dos evangélicos, disse Johan Candelin, Embaixador da Boa Vontade da Aliança Evangélica Mundial que se reuniu com o chefe do executivo no dia 7 de novembro. Nós expressamos o apoio evangélico ao processo democrático na Bolívia.
A situação presente é uma possibilidade histórica para uma voz evangélica mais forte na sociedade, acrescentou Candelin. A situação é tão frágil e difícil, que qualquer apoio ao processo democrático é extremamente necessário.
Mesa, 53, um jornalista de TV que nunca antes desempenhara um cargo político até concorrer à vice-presidência no ano passado, herdou de fato uma difícil situação. O seu antecessor, Gonzalo Sanchez de Lozada, foi forçado a renunciar e a sair do país depois de semanas de incontroláveis protestos contra sua administração que deixaram mais de sessenta pessoas mortas.
Os analistas políticos predizem que os mesmos líderes dos protestos que depuseram o governo Sanchez derrubarão Mesa, talvez dentro de uns três meses. Seus principais rivais políticos - Evo Morales, um chefe sindical radical e amigo de Moammar Gadhafi, da Líbia; e Felipe Quispe, um xamã Aymara que quer uma república independente para os índios nativos da Bolívia - anunciaram que estão dando ao novo chefe do executivo um período de graça de noventa dias antes de retomar os protestos.
Devido o ânimo extremamente carregado no país, a reunião entre Mesa e Candelin foi mais do que apenas uma visita de cortesia, de acordo com Bruno Ossio, presidente da Aliança Evangélica da Bolívia, que providenciou a audiência.
A reunião deu-nos a oportunidade para expressar a nossa preocupação, tanto a nível nacional como internacional, para a situação da Bolívia com relação aos eventos recentes, disse Ossio. A entrevista foi encerrada com oração a Deus em favor da Bolívia.
A reunião foi uma oportunidade para os evangélicos levantar uma questão que os incomoda: a liberdade religiosa.
Os protestantes, que constituem 16% da população de 8,5 milhões de habitantes, dizem sempre que se sentem como cidadãos de segunda classe do país, devido a prerrogativas constitucionais concedidas à Igreja Católica Romana.
O Artigo 3 da Constituição da Bolívia declara: O Estado reconhece e mantém a religião Católica Apostólica Romana. Os protestantes dizem que a cláusula perpetua a desigualdade religiosa e permite a existência de leis que discriminam os crentes que não sejam católicos.
Durante a administração anterior, por exemplo, o Senado considerou a legislação que exigiria das igrejas evangélicas a apresentação de relatórios detalhados de ofertas e donativos às autoridades fiscais. A mesma lei procurou também impor controle regulador sobre as escolas evangélicas, universidades e meios de comunicação. As organizações católicas romanas, devido sua posição constitucional, ficaram isentas dessas normas.
A Aliança Evangélica da Bolívia organizou um lobby contra a medida e conseguiu impedir sua aprovação. Contudo, os líderes evangélicos citam isto apenas como um dos muitos exemplos de desigualdade religiosa que eles enfrentam.
Até a visita de Candelin, mais de 13 anos haviam se passado desde que os protestantes tiveram uma reunião de cunho oficial com o presidente - em um café da manhã de oração patrocinado pela Aliança Evangélica da Bolívia com o presidente Jaime Paz Zamora em 1990. Nesse ínterim, os evangélicos tentaram duas vezes, em vão, emendar o Artigo Três da constituição.
Em 1992, o parlamento nacional votou, quase por unanimidade, manter o artigo intacto. Quando o presidente Hugo Banzer Suarez convocou um referendo constitucional em 2001, a medida não conseguiu ser submetido à consideração.
De acordo com Candelin, os evangélicos da Bolívia podem ter outra oportunidade logo, se Mesa continuar no cargo.
O entendimento básico durante as conversações com o presidente Mesa foi que a liberdade religiosa é uma questão importante e que os evangélicos devem ter a mesma liberdade religiosa que os outros cidadãos no futuro na Bolívia, disse Candelin a Portas Abertas.
A reunião nos permitiu harmonizar e adaptar nossa estratégia nacional para a defesa da liberdade religiosa dentro dos nossos princípios bíblicos, acrescentou Ossio.
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