Edgar de Souza (PSDB), prefeito da cidade de Lins, cidade do interior de São Paulo, único candidato assumidamente homossexual a se eleger em 2012, concedeu uma entrevista em que criticou uma das polêmicas publicações do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) no Twitter.
Lins, situada no centro-oeste do Estado, região de Bauru, é uma cidade com pouco mais de 70 mil habitantes e mais de 140 templos de igrejas evangélicas. Na cidade, o pastor Marco Feliciano é uma figura popular, principalmente pelas cruzadas evangelísticas que realizou na região, segundo informações do site do jornal Valor Econômico.
O prefeito Edgar de Souza, 34 anos, sociólogo e católico, assumiu sua homossexualidade há nove anos, e após três mandatos como vereador, se elegeu prefeito pela primeira vez em 2012, e criticou a postura adotada pelo pastor Feliciano.
“Me senti muito ofendido quando o Marco Feliciano colocou no Twitter que o destino da criança criada por casais homoafetivo é ser vítima de pedofilia. É uma idiotice que não tem tamanho. A maior parte de casos de pedofilia acontece em relações heterossexuais, porque a maior parte das pessoas é hetero. Larga a mão de ser idiota falar uma coisa dessa. Ele coloca todo mundo sob suspeição. Sabe aquela coisa, se na rua tem um traficante todo mundo se torna traficante”, afirmou ao G1.
Ele e o companheiro, Alex, abrigam uma família, com dois meninos de três e dois anos de idade, além da mãe, que precisava de abrigo após problemas com o pai das crianças.
Durante sua campanha para a prefeitura da cidade, assumiu publicamente sua homossexualidade: “Eu não tenho que esconder com quem eu vivo, quem eu amo. Se eu esconder, não mereço ser prefeito de vocês. Deus me ama como homossexual”, afirmou.
Segundo Edgar, que cresceu dentro da Igreja Católica, seu aprendizado sobre a Bíblia é que o trouxe convicção sobre isso: “A minha formação cristã fez eu reconhecer que Deus me ama como homossexual. Dentro da igreja sempre tive a consciência muito tranquila. Tive um problema de embate pessoal com a doutrina quando houve a publicação de um documento do Vaticano do Papa Bento XVI, que falava que os homossexuais não poderiam atender ao sacerdócio. Mas a vivência nas comunidades é muito maior do que isso”, observou o prefeito.
Nem mesmo a questão polêmica da homossexualidade fez as lideranças evangélicas da cidade mudarem sua postura sobre o apoio ao agora prefeito: “Durante a campanha tive apoio de vários pastores e de muitas igrejas evangélicas. Não podemos generalizar. Obviamente também tiveram vários pastores que foram contra por conta da minha homossexualidade. Também tiveram católicos mais conservadores que acham que a homossexualidade é um problema”, resumiu.
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