Autoridades egípcias se recusaram a entregar uma menina de 3 anos de idade à sua mãe cristã, mesmo depois de um tribunal ter concedido à mãe a guarda da filha.
Mervat Reszqallah, da cidade de Tanta, ganhou a custódia de sua filha Barthenia em uma batalha judicial contra seu ex-marido muçulmano.
O veredicto foi dado em 7 de agosto pelo juiz Emaad Eldean Abedelhamed, da vara civil de Tanta.
A polícia, porém, se recusou a cumprir a decisão do tribunal de tirar a guarda do pai da menina.
“Muitas vezes,ignora esse tipo de decisão porque aborda o assunto pelo lado religioso”, disse Naguib Gobrail, defensor de direitos humanos. Para ele, a polícia favorece o pai porque ele é muçulmano.
Fady Farhaat Labbib se converteu ao islamismo em maio de 2006 a fim de se divorciar de Mervat e se casar com outra mulher.
Ele pediu a guarda de Barthenia para criá-la como uma muçulmana. Para Naguib, foi isso que impediu a polícia de cumprir seu dever.
“A polícia insistiu em que a menina deve seguir o pai. Eles não querem que ela coma carne de porco, beba vinho, vá à igreja e à escola dominical”, disse o defensor de direitos humanos.
Recentemente, policiais intimaram Mervat à delegacia de Tanta, onde ela ficou durante cinco horas aguardando Fady entregar Barthenia, segundo uma ordem da polícia.
O general Ramzy Taleab havia intimado Fady a comparecer à delegacia. No entanto, segundo informações, a polícia não fez nada em favor de Mervat quando o ex-marido recusou-se em entregar a criança.
Naguib disse que o incidente foi uma encenação para mostrar à Mervat que a polícia estava fazendo o que podia.
“Eles emitiram aquela ordem apenas para deixar a mãe feliz”, disse Naguib.
Naguib planeja se reunir com Mushira Khattab, do Conselho Nacional Egípcio para a Infância e Maternidade para discutir o bem-estar dos filhos em caso de processos envolvendo duas religiões.
Mervat foi recentemente ao Líbano onde apareceu em um programa de televisão da Corporação Libanesa de Transmissão para falar sobre seu caso. Naguib espera que a publicidade lhe dê peso no processo.
“A mídia, às vezes, pode pressionar as autoridades no Egito, deixando-as envergonhadas”, ele comentou.
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