Dois convertidos iranianos ao cristianismo foram encarcerados nas últimas semanas e libertados pela polícia de segurança mediante alta fiança. Acusados por "promover atividades contra a nossa religião santa", Motjaba Hussein e Hamoyon Shokohie Gholamzadeh, têm agora uma acusação formal arquivada contra eles no tribunal.
Hamoyon Shokohie Gholamzadeh, de 58 anos, é outro ex-muçulmano que foi preso duas horas antes das autoridades prenderem Motjaba Hussein, de 21 anos, e três membros da família dele após uma invasão à casa da família no último dia 11 de maio.
Autoridades na cidade sulista de Shiraz libertaram Mojtaba Hussein no dia 2 de junho à tarde, requerendo uma garantia de fiança no valor US$20.000 (R$ 32.760) pela liberdade dele. Hussein permanece em prisão domiciliar, sujeito à vigilância rígida e acompanhamento de todas as suas comunicações.
As acusações contra seis outros convertidos presos com Hussein e Gholamzadeh só se referiam a "atividades contra o país."
Com as acusações pendentes em aberto, todos os oito cristãos poderiam ser chamados à corte a qualquer hora. A polícia de segurança iraniana prende habitualmente e interroga os cristãos por serem considerados criminosos por apostasia ao islã.
Enquanto são mantidos sob custódia, os cristãos são sujeitos a duros interrogatórios na tentativa de extrair informações de forma violenta sobre o crescimento de igrejas domésticas cristãs ilegais no país.
Prisões
Apesar da libertação de Husein, dois outros ex-muçulmanos foram presos no parque de Shiraz ,no dia 13 de maio, e continuam presos. A localização deles e o estado deles é desconhecido. Mahmood Matin e um segundo homem identificado apenas pelo primeiro nome, Arash, são membros do mesmo grupo doméstico na cidade.
Outro convertido preso com a esposa dele no fim de abril, na cidade ao norte de Amol, na província de Mazandaran, recebeu ordem para ser solto no dia 31 de maio. Para que o casal saísse foi exigida um enorme depósito para a fiança, tendo como garantia o valor monetário da casa deles.
A esposa grávida do convertido foi libertada três dias depois de ser presa. Um processo foi aberto e ele pode ser convocado a qualquer momento para ir ao tribunal. "Esse é o padrão que eles normalmente seguem", disse um pastor iraniano que vive no estrangeiro e que conhecesse o casal. "Eles os puseram na prisão durante algumas semanas, bateram neles e os pressionaram para adquirir informação sobre os outros convertidos."
Está claro, ele disse, que o governo sabe sobre o número crescente de ex-muçulmanos na província de Manzandaran que entraram para a fé em Cristo e se batizaram nos últimos anos. Um líder cristão teve que ser hospitalizado e depois de sair não pôde caminhar durante três meses.
Morte aos apóstatas
“Se nós nos mantivermos silenciosos sobre isso, o governo continuará fazendo", disse o pastor. "Nós não devemos manter nossas bocas fechadas. Sob as leis islâmicas rígidas do Irã, é ilegal converter os muçulmanos e qualquer muçulmano que deixar o islã por outra religião pode ser executado. Um projeto de lei do parlamento iraniano ainda deseja tornar a pena de morte obrigatória para os apóstatas." (leia mais).
Nas últimas três décadas do regime islâmico no Irã, centenas de cidadãos que deixaram o islã e se tornaram cristãos estiveram presos durante semanas ou meses, foram mantidos em locais desconhecidos e sujeitos a tortura mental e física. Quando libertados sob fiança, eles permanecem debaixo de ameaças de acusação criminal se ousarem adorar nas igrejas domésticas ou se envolverem em qualquer atividade cristã.
Defesa nacional
O governo iraniano nega categoricamente que prenda ou executa qualquer cidadão por causa da fé deles. Pelo contrário, os porta-vozes oficiais insistem que as acusações freqüentemente tem a ver com o envolvimento com interesses estrangeiros contra os interesses nacionais do Irã.
Respondendo a protestos internacionais depois da detenção no último mês de mais seis líderes da comunidade baha"i do Irã, o porta-voz do governo, Gholam-Hossein Elham, declarou: "Unir assuntos de segurança a questões ideológicas seria um engano. Todo país tem que defender sua segurança e isso não tem nada que ver com assuntos ideológicos."
O pastor Hossein Soodmand, o último cristão iraniano convertido do islã executado pelo governo iraniano em 1990, foi acusado de trabalhar como "um espião americano." Desde então seis pastores protestantes foram assassinados por desconhecidos.
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