O pastor Ram Prakash, do vilarejo de Mahmudpur, distrito de Sultanpur, Estado de Uttar Pradesh, foi espancado enquanto estava sob custódia policial e ainda está sob ameaça de ativistas hindus. Ram Prakash, um pastor leigo, estava visitando um parente cristão na colônia dalit (intocáveis) no dia 6 de fevereiro, quando foi atacado por ativistas hindus. Líderes locais de uma casta superior lideraram um grupo de cerca de 200 pessoas à casa de Harish Chandra, onde acusaram Prakash de converter as pessoas locais ao cristianismo.
Os líderes hindus agarraram Prakash e começaram a ameaçá-lo fisicamente. Chandra puxou Prakash para dentro de casa e trancou as portas - mas a multidão logo arrombou a porta e começou a espancar Chandra e sua esposa. Eles ameaçaram também as mulheres da casa e usaram linguagem ofensiva contra os outros cristãos presentes.
Enquanto isso, Prakash conseguiu chamar a polícia local por seu telefone celular, que depois foi tomado dele pela multidão.
Entretanto, quando a polícia chegou, prenderam Prakash em vez dos agressores. Ele foi levado à delegacia de polícia e ficou detido sob o pretexto de mais investigação.
Os cristãos locais reclamaram que o inspetor de polícia, Anand Singh Thakur e outros três guardas espancaram gravemente Prakash naquela noite. A polícia o acusou de ser um agente americano e o forçou a repetir as palavras Jai Shri Ram(Vitória ao deus Ram) e Jai Mata Di (Vitória à deusa Durga).
Os ativistas hindus acusaram depois Prakash de acordo com a seção 151 do Código Penal Indiano de espalhar a tensão no vilarejo.
Os guardas policiais disseram a um membro de Portas Abertas que se Prakash continuasse a proclamar a Jesus, poderia esperar mais do mesmo tratamento, particularmente no momento em que uma onda de nacionalismo estava varrendo a Índia.
O ataque a Prakash foi o segundo incidente violento envolvendo os cristãos em Sultanpur nos últimos meses. No dia 25 de dezembro de 2003, ativistas hindus e políticos locais separaram um grupo de cerca de 100 cristãos que se reuniam numa casa particular no vilarejo de Ramdaspur. Oito membros do grupo foram acusados com base na seção 151 de disseminar a tensão na comunidade.
O proprietário da casa foi detido e o pastor ameaçado de mais maus tratos se continuasse a realizar aquelas reuniões. Nas semanas seguintes ao incidente de dezembro, a imprensa local veiculou artigos maldosos contra os cristãos.
Cerca de 200 famílias hindus da casta hthakur (alta casta) vivem no vilarejo de Mahmudpur, junto com 40 famílias dalits (intocáveis). Essas duas castas estão em conflito na Índia. Os homens dalits são freqüentemente forçados a trabalhar como operários sem pagamento para os thakurs enquanto seus campos são deixados sem cuidado.
Isto explica parcialmente porque o cristianismo tem um apelo tão forte aos dalits. Como disse Prakash: Eu sou de origem dalit e quando tive o primeiro encontro com os cristãos, fiquei surpreso em saber que poderia de fato tocar a escritura sagrada deles e lê-la também. Pela primeira vez em minha vida eu me senti um ser humano digno.
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