O pesquisador cristão Ray McAllister recebeu o “Prêmio Nobel por Cegueira” por codificar línguas bíblicas antigas em braile. Seu feito é uma contribuição histórica, que permite que alunos cegos estudem os textos originais por conta própria. É a primeira vez que um adventista recebe o prêmio.
Além de professor adjunto na Universidade Andrews, Ray é terapeuta massagista licenciado. Ele e sua organização, a Semitic Scholars (Estudiosos Semitas), receberam o Prêmio Doutor Jacob Bolotin pela Federação Nacional dos Cegos em julho.
A honraria veio com a recompensa de 20 mil dólares. “A minha oração é que este prêmio me dê o reconhecimento de que eu preciso para negociar com os estudiosos do mundo inteiro e para que eu possa ter acesso aos materiais de texto que preciso”, disse Ray.
Elogiada pela Federação Nacional dos Cegos, a Semitic Scholars é um grupo composto por três pessoas. Sarah Blake LaRose, transcritora de braile e professora de hebraico; Matthew Yeater, presidente da Michiana, filial da Federação Nacional dos Cegos em Indiana e Ray.
Conhecido em muitos círculos como “o Prêmio Nobel da Paz da Cegueira”, a honraria recebe o nome de Jacob Bolotin, um diligente médico cego e forte defensor dos cegos que exerceu sua profissão de 1912 até sua morte, em 1924. Jacob morreu aos 36 anos.
Um de vários prêmios
Hoje, Ray é o primeiro adventista a receber o prêmio, mas este não seu primeiro feito. Em 2010, o professor se tornou o primeiro cego a obter um doutorado com ênfase em Antigo Testamento. O documento foi emitido pelo Seminário Adventista do Sétimo Dia do campus da Universidade Andrews.
Ele trabalha atualmente como professor adjunto da Escola de Educação à Distância e Parcerias Internacionais da universidade em Berrien Springs, em Michigan. Para o projeto de braile, McAllister inicialmente usou um computador para converter sua própria versão de símbolos gregos e hebraicos em letras em braile e mostrá-las em uma tela em braile, um dispositivo com algo semelhante a pins magnéticos que aparecem na forma de palavras em braile.
Uma nova codificação
O jovem disse que precisava de algo que fosse mais semelhante com grego e hebraico em braile, apenas com símbolos extras. Então, desenvolveu uma codificação para esses símbolos ainda não estabelecida na língua para cegos.
Um exemplo disso é o hebraico que tem marcas de acento que ajudam o leitor a saber quando pausar durante a leitura e que podem ser usadas para informar aos leitores como entoar ou cantar o texto. Mas esses símbolos não foram previamente mapeados em hebraico em braile.
“Já que entoar é uma tarefa que um cego pode apreciar, eu senti a necessidade de preparar Bíblias hebraicas em braile com todos esses símbolos”, explica. “Uma vez que desenvolvi esses símbolos, eu precisava que eles fossem revisados por colegas.”
“Meus sonhos para o futuro deste projeto são simples: eu gostaria de ter mais textos em mais línguas antigas em formato braile”, ressalta Ray. “Além disso, eu não tenho nenhuma ideia de como Deus vai conduzir. Só sei que Ele tem conduzido até agora, e o que está por vir será uma aventura ainda maior”, finalizou.
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