Os atentados chamaram a atenção para a perseguição sofrida pela minoria cristã que vive no Iraque, um país de maioria muçulmana.
Noúltimo dia 1º de novembro, uma explosão durante uma missa na catedralde Sayida An Nayá (Nossa Senhora do Socorro, em árabe), em Bagdá, deixoumais de 40 pessoas mortas. Ataques a bomba em lares cristãos setornaram frequentes e estão provocando a fuga de boa parte dacomunidade.
Reportagem do jornal britânico The Guardian mostraque a invasão americana liderada pelo ex-presidente George W. Bush(2001-2009), um cristão praticante, deixou desprotegida a minoria cristãque vive no país de maioria muçulmana.
Ironicamente, os cristãos(quase todos católicos de igrejas de tradição árabe) tinham liberdadereligiosa durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003). O presidentetambém fazia parte de uma minoria – ele era muçulmano sunita, no paísonde a maior parte dos islâmicos são xiitas.
A queda do ditadorprovocou uma guerra religiosa entre os radicais das duas facçõesmuçulmanas. O ódio agora atinge também os cristãos.
Radicais deixam bombas em casas de cristãos
OGuardian conta a história da iraquiana Linda Jalal. Pela segunda vez emquatro anos ela teve de empacotar suas coisas às pressas e deixar acasa em Bagdá para fugir, junto com a família, a uma área mais segura.
Assimcomo em muitos lares cristãos, uma bomba deixada por fundamentalistasexplodiu na casa de Linda, espalhando destruição e deixando um recado deque eles já não são bem-vindos no país. Ela diz que vive com medo:
- Estou aterrorizada por viver aqui. Estamos sendo abatidos como cordeiros. E nós somos apenas civis e este é o nosso país.
Dadosda fundação Iraq"s Christian Endowment mostram que metade da populaçãocristã iraquiana já deixou o país. O presidente da ONG, Abdullahal-Noufali, disse que havia em 2003 um milhão de católicos no país (de31,2 milhões de habitantes); hoje restam apenas 500 mil, segundo ele.
-Está difícil encontrar um cristão que queira continuar vivendo noIraque. O ataque à igreja foi a pior crise de nossa história. Nósvivemos juntos com outras seitas por milhares de anos no Iraque. Lutamosjuntos em muitas guerras, enfrentamos todo tipo de desastre. E agoratemos isso...
Igreja de Mossul foi atacada quatro vezes
Minoriascristãs ligadas a igrejas ortodoxas e católicas de tradição árabe,assim como comunidades judaicas, convivem há séculos com a maioriamuçulmana em muitos países do Oriente Médio.
Na maior parte dotempo, não houve problemas. Mas o surgimento nos últimos anos de gruposfundamentalistas como os ligados à rede terrorista Al Qaeda fez maisdifícil a vida de todos – dos muçulmanos que sofrem com os atentados àbomba, aos cristãos e judeus que agora são perseguidos.
O padreJorge Fatuhi, da Igreja Católica Caldeia, que possui rituais próprios e éligada ao Vaticano, diz que, desde a queda de Saddam Hussein em 2003,sua capela foi atacada quatro vezes na cidade de Mossul.
- Seos ataques continuarem, não teremos mais nenhum cristão no Iraque. Anteshavia 4.000 famílias em Mossul. Agora só resta 20% disso.
Nocaso da família de Linda Jalal, duas de suas irmãs já fugiram. Uma delasconseguiu asilo na Holanda, com os dois filhos, porque o marido foimorto por radicais muçulmanos por vender bebida alcoólica em sua loja,em Bagdá.
Outra irmã de Linda está nos EUA, porque o maridotambém foi morto por fundamentalistas. Entre os parentes que continuamno Iraque o objetivo é o mesmo – sair do país.
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