Dois pastores da Assembleia de Deus estão envolvidos em um escândalo político que envolve agiotagem, corrupção e ameaças de morte. Ronan Feitosa de Lima e Gilmar Olarte são alvos de uma investigação do Ministério Público.
O caso foi exposto em rede nacional no último domingo, no programa Fantástico, da TV Globo. Lima e Olarte são pastores da Assembleia de Deus Nova Aliança, e o segundo é o atual prefeito de Campo Grande (MS).
De acordo com investigações, o escândalo teria tido início na campanha eleitoral de 2012, quando Olarte (PP) era candidato a vice na chapa de Alcides Bernal (PP), que terminou cassado em março de 2014.
O pastor Lima, que era assessor da prefeitura de Campo Grande e trabalhou na campanha de Olarte, é a pessoa acusada de pegar cheques de pessoas interessadas em ajudar a eleger o prefeito como vice, em troca de vantagens na administração municipal.
“Ele pegava folhas de cheque em branco. Essas folhas de cheque normalmente eram trocadas junto a agiotas, mediante pagamento de juros. E aos titulares desses cheques, ele prometia que eles iriam ser beneficiados com cargos públicos e contratos com a administração”, explica o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira.
Os cheques em branco, somados, dariam aproximadamente R$ 1 milhão, segundo apurado pela reportagem dos jornalistas Maurício Ferraz e Rodrigo Vaz. Quando os cheques eram descontados, alguns não tinham fundos, e outros, sim. Dessa forma, o prejuízo começou a incomodar as duas partes envolvidas pelos pastores: os agiotas e os apoiadores que haviam emprestado as folhas em branco.
“Nós temos muita tranquilidade em relação a esse assunto. Infelizmente o moço, ele se enrolou com cheques trocados em agiotas e aí depois deu problema. Ele era assessor da prefeitura. Quando eu assumi, ele foi exonerado”, defendeu-se o pastor e prefeito.
Diversas vítimas e um agiota confirmaram que quem fazia o contato era o pastor Ronan Feitosa de Lima, em nome de Gilmar Olarte. Uma gravação de uma ligação de um dos agiotas ao prefeito mostra que, quando Olarte assumiu a prefeitura, prometeu resolver a situação.
Porém, Olarte nega, e diz que sua fala seria no sentido de acalmar os ânimos, porque já haviam acontecido ameaças de morte.
“Durante a investigação se percebe claramente que o prefeito se compromete a pagar esses valores a esses credores. E que isso não é uma postura de uma pessoa que não se beneficiou de recursos”, explica o promotor de Justiça.
O prefeito, no entanto, nega: “Não, eu não disse que ia pagar dívida. Eu disse que ‘tenha calma, vamos ver se dá para resolver’ por causa das ameaças de morte que a gente sabia para o ex-assessor”, diz. O pastor Ronan Feitosa de Lima não quis gravar entrevista.
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