O depoimento do pastor Marco Feliciano ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o processo em que é investigado por suspeita de estelionato acrescentou pontos novos ao que vinha sendo dito sobre o caso até então.
O advogado do pastor declarou à imprensa que o processo por estelionato já havia sido finalizado, e que a questão tratava-se de um desacordo comercial.
Marco Feliciano não compareceu a um evento em São Gabriel, Rio Grande do Sul, que havia sido agendado por sua assessoria para o dia 15 de março de 2008, e culpou o descumprimento de prazos para sua ausência.
“Os eventos são agendados, eu tenho uma assessoria, naquela época era o senhor André Luiz de Oliveira [que também é réu no processo], que hoje também é pastor. Ele fazia a assessoria e os contatos. E, quando eu estava na cidade de Nova Friburgo [no dia 14 de março], foi que ele me disse que esse evento havia sido agendado, mas, por um descumprimento comercial, eu acabei não atendendo o evento. O evento, por causa dos muitos compromissos que eu tenho com televisão, com obra missionária, todos os eventos eram bem regradinhos, e as pessoas tinham dez dias anteriores ao evento para poder efetuar um depósito”, alegou Feliciano.
Segundo o pastor, o depósito de R$ 8 mil foi realizado às vésperas da data agendada, o que causou desencontros, pois um evento substituto já havia sido agendado para a mesma data: “Dois dias antes de acontecer o evento em São Gabriel [RS], nos ligaram e disseram que haviam feito o depósito, só que já havia acontecido um descumprimento de agenda, um descumprimento comercial”, afirmou.
O procurador da República Francisco Guilherme Vololstedt questionou o pastor sobre um email de confirmação de presença, enviado no dia 14 de março de 2008 pelo então assessor André Luiz [atualmente ele é pastor] à contratante, e Feliciano respondeu afirmando que não sabia do envio deste e-mail: “Estou sabendo disso agora”, disse. O procurador voltou a questionar: “É importante a gente fixar isso: o senhor não tinha mesmo conhecimento?”. E o pastor Marco Feliciano respondeu: “Nenhum”.
Feliciano ainda disse que posteriormente conversou com a responsável pela produtora, Liane Pires Marques, para marcar uma nova data e ir ao evento, mas não houve acordo em relação às datas: “Intentamos devolver o dinheiro, mas como os meus eventos não eram shows, porque eu não era cantor ainda na época, gravei CDs depois, eram palestras e as palestras são em igrejas, existe uma comunhão entre nós, por isso não havia nada escrito em papel, acreditávamos bem na parte fiel da palavra”.
O juiz auxiliar Fabrício Bittencourt da Cruz, questionou o motivo da ausência do pastor Marco Feliciano na audiência de reconciliação, e Feliciano alegou não ter tomado conhecido do encontro, e por isso, decidiu trocar de advogados.
“Quando eu fiquei sabendo do fato, que havia tido uma oportunidade de suprir, de acabar com o problema e os meus advogados não fizeram nada, imediatamente eu troquei os advogados, peguei um avião, fui até a cidade de São Gabriel, procurei os advogados da pessoa. Para minha felicidade descobri que eram evangélicos também, eram irmãos, e falei: ‘Eu quero aqui pagar o que eu devo, quero devolver, e quero devolver com juros e correção para que não fique nenhum tipo de celeuma’”, defendeu-se o pastor.
Segundo o Ministério Público, a produtora de eventos afirmou que a assessoria de Marco Feliciano alegou que o pastor havia sofrido um acidente de carro no Rio de Janeiro, e que por isso, não poderia comparecer ao evento.
Confusa com a versão apresentada pelo assessor André Luiz de Oliveira, Liane afirma ter pesquisado e não ter encontrado nenhum registro de acidente envolvendo o pastor, e confirma que Feliciano cumpriu agenda num evento no Rio de Janeiro no dia 15 de março. No entanto, a produtora diz que os contratantes desse evento teriam oferecido o dobro do cachê que havia sido combinado para o evento em São Gabriel.
Porém, Feliciano afirma que a produtora tentou contornar a situação pedindo que o pastor enviasse um atestado médico como forma de justificar a ausência junto aos apoiadores do evento: “Ela até pediu para que o pastor André enviasse um atestado médico para que pudesse justificar, dizendo que eu estava doente, alguma coisa assim. Mas eu não estava doente. E o meu secretário nem fez isso, porque isso seria uma violação, um crime, seria uma falsidade”, afirmou o pastor e deputado Marco Feliciano.
Em 2012, a juíza que cuida do processo cível que corre na Justiça de São Gabriel, determinou que Marco Feliciano ressarcisse Liane em R$ 13 mil, como devolução do cachê. O pastor pagou o valor estabelecido, porém Liane cobra um valor maior, alegando que o prejuízo foi de quase R$ 100 mil à época, devido a gastos com segurança, publicidade, passagens aéreas e estrutura para o evento, e alega que atualmente a dívida esteja na casa de R$ 2 milhões.
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