A polícia prendeu no dia 16 de julho o pastor Om Prakash Pandey, enquanto ele dirigia um culto em sua igreja independente na vila de Daksinwara, distrito de Sultanpur do Estado de Uttar Pradesh.
Esse pastor de 27 anos de idade foi levado à delegacia de Kurebhar - arrastado para lá por aldeões irritados pelo fato de o pastor ensinar a Bíblia a crianças. O inspetor de polícia Jawahar Lal Saroj e outros homens o espancaram sem piedade, de acordo com fontes que falaram sob condição de anonimato. Ele foi libertado na segunda-feira, 17 de julho, sem receber acusações.
As fontes disseram que os policiais tomaram cuidado em não deixar feridas visíveis em Om.
Ram Gopal Varma, chefe da vila de Daksinwara, disse à agência de notícias Compass que os hindus se opuseram a Om dar aulas bíblicas para os filhos dos tribais daquela vila remota e de maioria hindu.
"Esses 'Bhajan Mandalis' (grupo de cantores de hinos), têm realizado 'reuniões domésticas' em nossa vila há algum tempo. Além de suas próprias reuniões, Om Prakash dá estudos bíblicos à crianças da vila, que têm entre 8 e 10 anos. Ele as ensina no cristianismo", Ram disse.
Se referindo às pessoas que levaram Om à força para a delegacia, o chefe disse que eles também o molestaram, como um aviso para ele encerrar suas atividades "de proselitismo".
O inspetor de polícia Jawahar disse ao Compass que os aldeões, furiosos, espancaram Om e então o levaram à delegacia. Os aldeões o acusaram de pregar secretamente o cristianismo a crianças.
"Não registramos nenhum caso contra ele", Jawahar disse, "mas nós o detivemos na delegacia durante a noite por causa dos aldeões. Eles estavam muito irados com Om. Nós tivemos medo de que, se o libertássemos naquela noite, aquele grupo furioso poderia ter colocado a vida dele em risco."
Contatos afirmaram que o coordenador local do grupo extremista hindu Vishwa Hindu Parishad (Conselho Mundial Hindu), identificado apenas como Amarjeet, estava por trás da prisão e das agressões. Amarjeet é de Faziabad, a 40 quilômetros de Daksinwara.
Motivações políticas
John Dayal, secretário- geral da União Cristã Geral da Índia, disse que o ataque foi parte de uma estratégia do Bharatiya Janata Party (BJP) para ganhar votos nas próximas eleições para a assembléia do Estado.
"Essas são eleições importantes para o BJP, que tenta retomar seu poder perdido", John disse. Segundo ele, esse incidente deve ter acontecido por instigação da organização dianteira do Bharatiya Janata Party, o Vishwa Hindu Parishad.
Ele ainda disse que a minúscula população cristã no Estado dificilmente protesta, e é facilmente silenciada, se submetendo com qualquer amostra de força. "A polícia, como na maioria dos outros Estados, quase sempre está do lado da maioria", John afirmou.
O reverendo Babu Joseph, porta-voz da Conferência de Bispos Católicos, disse ao Compass que o governo do Estado deve agir imediatamente para reprimir esses policiais e compensar o pastor que foi sujeitado a um abuso sem razão e ao sofrimento físico.
"O direito de culto é fundamental a cada cidadão, e a polícia, como um agente de aplicação da lei, tem o dever de guarda-lo, em vez de sabotá-lo", disse o reverendo Babu.
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