O chaveiro Daniel Marques Pereira, de 36 anos, foi flagrado em um momento de fraqueza. Chamado para consertar o cofre de um supermercado de São José dos Campos, a 97 quilômetros da capital paulista, ele acabou furtando R$ 6 mil na última terça-feira.
De acordo com a polícia, Pereira não conseguia abrir o cofre e os responsáveis pelo supermercado pediram que ele o arrombasse. Ele tentou, mas só conseguiu abrir uma pequena fresta. Pereira então pediu que o segurança que o acompanhava conseguisse uma ferramenta maior. Vendo que estava sozinho, ele colocou a mão pela fresta e tirou um pacote de R$ 6 mil em notas, que colocou dentro de suas meias e em sua maleta de trabalho. Ele ainda tentou retirar mais pacotes, mas não conseguiu. Quando o segurança chegou, ele fingiu que estava trabalhando normalmente. Pereira só não contava que estava sendo filmado pelo circuito interno de segurança. (veja as imagens)
Quando os funcionários foram fazer a contagem do dinheiro, na noite de terça, deram falta do dinheiro e foram verificar as imagens do circuito interno. Ao perceber o furto, os donos do supermercado acionaram a polícia. Na quarta-feira, de manhã, os policiais foram até a oficina de Pereira, que funciona há 17 anos na cidade.
– Assim que os policiais chegaram, ele já confessou o crime e disse que o dinheiro estava no carro, embaixo do banco – contou um investigador que participou da ação.
Aos policiais, Pereira afirmou que estava arrependido e o furto ocorreu em “um momento de fraqueza”. Em seu depoimento, Pereira, que também é pastor da Igreja Internacional da Graça de Deus, na cidade vizinha de Jacareí, afirmou que estava pensando em devolver o dinheiro.
Pereira foi indiciado por furto qualificado por abuso de confiança e vai responder o processo em liberdade, já que não houve flagrante. Se for condenado, ele fica sujeito a uma pena que varia de dois a oito anos de prisão.
O psicólogo Gilberto Rodrigues explica, que a “fragilidade da formação de valores” pode levar uma pessoa como o Daniel Marques Pereira, que não tinha passagens pela polícia, a cometer o delito. Em entrevista à VNews, afiliada da TV Globo, Rodrigues explica que “esses princípios são formados na família, nos exemplos e nos valores passados de pais para filhos, na escola e no governo”. Tem explicação para esse tipo de comportamento? Ainda mais em um homem que nunca tinha tido problema com a polícia.
Em tese, há uma explicação para problemas semelhantes. No caso específico do chaveiro, seria necessário um contato longo e aprofundado, para que fosse feito um diagnóstico sobre o que houve exatamente com ele. Esse é um comportamento, infelizmente, comum em nosso país, devido à fragilidade da formação dos nossos valores. Quando nós somos crianças e nossa personalidade está sendo formada, nós vivemos em função do que nos proporciona prazer. Num determinado momento da vida, não dá para viver só com prazer e então entra o princípio da realidade para nos mostrar o que pode ou não ser feito. Esse princípio cria alguns mecanismos e alguns “freios” para garantir que o nosso prazer não determine o nosso comportamento. E esses princípios são formados na família, nos exemplos e nos valores passados de pais para filhos, na escola e no governo. Portanto, há uma explicação: esses valores, provavelmente frágeis, não foram fortes suficientes para frear o impulso dessa pessoa. Mas especificamente, para saber os motivos da fragilidade e do impulso no caso desse homem, seria necessário realizar um estudo. Além da punição da justiça, como fica a questão do arrependimento? Isso deixa marcas na vida da pessoa?
Sim. A gente precisa prestar atenção que o arrependimento é um sinal positivo. O que se espera é que esse arrependimento seja forte o suficiente para que ele aprenda. Porque devido à exposição, ele vai perceber que não é possível viver só seguindo o impulso. Como ele mesmo declara, foi um minuto de impulso que se não sabe o quanto vai lhe custar. E a sociedade? As pessoas acabam julgando a atitude dele. Como é voltar à rotina e enfrentar amigos e parentes pode ser difícil?
Isso pode ser difícil quando nós vivemos numa sociedade hipócrita e moralista. Ele cometeu um deslize, que foi um impulso. Mas a sociedade deve acolher as pessoas que cometem deslizes e erros, porque ela mesma também erra, e muito. Como as pessoas podem trabalhar essa questão da ética, para não cometer deslizes?
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