Já faz mais de 40 dias que o pastor cubano Carlos Lamelas foi preso, sem ter uma acusação formal. Ele foi preso em Havana, supostamente acusado de ajudar refugiados a emigrar de forma ilegal.
As autoridades do país ainda precisam processar Carlos Lamelas e informar-lhe quais são as acusações formais que pesam contra ele. Algumas fontes em Cuba dizem que o regime de Fidel Castro geralmente usa esse tipo de tratamento para oprimir pessoas que ele considera ser dissidentes políticos.
A polícia prendeu Carlos Lamelas em sua casa no bairro La Lisa, em Havana, no dia 20 de fevereiro. Ela confiscou seu computador, documentos pessoais e vários materiais de escritório.
O ministro evangélico está detido no Centro de Detenção Villa Marita, no município de Arroyo Naranjo.
Desde que ele foi preso, as autoridades só deram a Carlos Lamelas o direito a uma entrevista de cinco minutos com seu advogado de defesa.
Mais de um mês se passou antes que a polícia informasse o advogado das alegações contra seu cliente. Uma fonte ligada à família do pastor falou que as autoridades disseram que três homens saíram de Holguín de forma ilegal, e depois foram pegos. "Quando pressionados pela polícia, eles disseram que a pessoa que estava tentando retirá-las do país era o pastor Carlos."
Carlos Lamelas não esteve em Holguín e não conhece os homens que tentaram fugir do país. "Algumas pessoas acham que eles estão usando esse incidente para fazer uma armadilha para o Carlos", a fonte continuou.
Sem ver o sol
Os funcionários do presídio deixaram que Uramis Lamelas visitasse por 15 minutos seu marido, todas as segundas-feiras. Ela disse aos seus amigos, depois da última visita, que Carlos estava magro e pálido. Ele não pode ver o sol desde que foi preso. Ele admite estar "muito desencorajado" porque o processo não está caminhando.
A fonte da família ainda disse que um "instrutor" nomeado pela polícia deve aparecer para explicar para o advogado as acusações contra Carlos. Mas esse homem ainda não apareceu "Dizem que ele está 'doente'."
O processo legal em Cuba requer que o instrutor apontado pela polícia explique as acusações ao acusado e seu defensor antes que o caso vá para julgamento.
"Então entendemos que até que o advogado do Carlos receba a palavra oficial desse instrutor, não pode, e nem vai, acontecer nada", a fonte acrescentou.
Durante uma de suas visitas semanais, a filha de Carlos, de 12 anos, recebeu autorização para ver seu pai.
Chamado de ativista
Uramis Lamelas soube há pouco tempo que seu marido, que inicialmente ficou isolado dos outros prisioneiros, divide agora uma cela com outros cinco homens. A família sabe pouco sobre o tipo de tratamento que Carlos está recebendo na cadeia. Isso porque as curtas visitas semanais são monitoradas por dois guardas.
Carlos Lamelas é um ministro ordenado da Igreja de Deus. Ele resistiu a uma intervenção do governo nos assuntos da igreja, que ele considerou imprópria. Isso aconteceu enquanto ela era o presidente da assembléia nacional de ministros.
Algumas pessoas acreditam que Carlos foi escolhido por ser considerado um ativista empenhado em conseguir mais liberdade religiosa.
Pastores em diferentes partes de Cuba souberam da situação de Carlos e organizaram vigílias de oração em seu favor. Sua mulher disse que colegas de várias igrejas evangélicas de Cuba telefonaram para saber dele e para oferecer sua ajuda.
O destino do pastor preso ainda está coberto de incertezas.
Um amigo da família disse à agência de notícias Compass: "Eles estão com o Carlos para puni-lo, de uma forma muito injusta. Ele quer pôr um fim nesse problema, mas parece que seus direitos humanos foram suspensos. Ele não pode fazer nada".
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