Papa Francisco pede que líderes católicos brasileiros reconquistem fiéis perdidos para igrejas evangélicas
No último sábado, 27 de julho, durante uma reunião com bispos e cardeais no Rio de Janeiro, o papa Francisco afirmou que a Igreja Católica deve ir em busca dos fiéis que deixaram a denominação e se converteram a outras religiões.
Preocupado com a perda de fiéis católicos nos últimos 30 anos, o pontífice destacou: “É preciso recuperar os que buscam respostas nos novos e difusos grupos religiosos e aqueles que já parecem viver sem Deus”.
Recentes pesquisas feitas pelos institutos Data Popular e Datafolha constataram que os evangélicos já somam 28% da população brasileira, contra 57% de católicos. Em 1970, os fiéis da denominação romana somavam 91,8% dos brasileiros.
O papa Francisco também desafiou seus pares a buscarem o diálogo com aqueles que, frustrados com a religião, abandonam as crenças: “Precisamos de uma Igreja que saiba dialogar com aqueles discípulos que, fugindo de Jerusalém, vagam sem uma meta, com seu próprio desencanto”, afirmou.
A autocrítica exercida pelo papa abrangeu ainda a forma como sua denominação se comunica com os fiéis e a postura adotada frente aos problemas: “Talvez, a Igreja tenha se mostrado muito fraca, muito distante de suas necessidades, muito pobre para responder às suas preocupações, muito fria para com eles, muito autorreferencial, prisioneira de sua própria linguagem rígida. Talvez o mundo pareça ter convertido a Igreja em uma relíquia do passado, insuficiente para as novas questões; talvez a Igreja tivesse respostas para a infância do homem, mas não para sua idade adulta”, disse.
Numa entrevista à Globo News e transmitida ontem, 28 de julho, pelo Fantástico, o papa continuou defendendo “uma Igreja pobre e próxima dos pobres”, para que estes não procurem “carinho” nas igrejas evangélicas.
Francisco ressaltou, na entrevista, que não conhece as porcentagens e motivos da perda de fiéis para as igrejas evangélicas, mas voltou a levantar a hipótese de que a Igreja Católica pode ter sido arrogante e ausente à realidade ao longo do tempo.
“Igreja é mãe. A mãe dá carinho, beija, ama. Quando a Igreja, preocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se isso aconteceu no Brasil, mas sei que aconteceu em algumas regiões da Argentina. Faltam sacerdotes, então alguns locais ficam desassistidos”, teorizou.
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