Palestino gay e cristão foge de família ligada ao Hamas
Em sua cidade natal ser gay não é opção e ele já está jurado de morte por ter se convertido ao cristianismo
Uma petição on-line tenta impedir a extradição de um jovem palestino de 24 anos, – gay e cristão – que mora no Canadá desde 2010, depois de fugir de casa para não ser morto por seu pai.
Nascido na cidade palestina de Nablus, John Calvin (nome adotado depois da conversão), é o primogênito de uma família de líderes do Hamas.
Em depoimento à imprensa ele revelou que cresceu ao lado de grandes terroristas e que muitos de seus familiares foram presos por conta das ações contra Israel.
“Minha família sempre tinha alguém na cadeia, fazendo coisas ruins. Não temos uma refeição de família com todos em liberdade desde 1992″, disse ele.
O avô de Calvin, Said Bilal, foi um dos fundadores da Irmandade Muçulmana na Palestina e na Jordânia, todos os tios do jovem fazem parte da liderança do Hamas, apenas o seu pai não teve envolvimento com o terrorismo.
John Calvin se tornou cristão aos 19 anos, depois de passar anos estudando o Alcorão, fugir de casa, ser preso em Israel e ser estuprado na cadeia. “Aos 14 anos desenvolvi meu próprio sentido de lógica, e as coisas pareciam contraditórias. Questiona minha família, e, aos 16 parei de ser muçulmano”.
A família não aceitou, em 2006 o jovem precisou fugir de casa depois de uma briga com seu pai e ficou escondido por uma semana em Tel Aviv. Ele foi achado e preso pelos israelenses, sendo esta a terceira prisão do jovem. Na prisão estava outro palestino de Nablus e este o estuprou. “A coisa que me surpreendeu foi como fui tratado pelos funcionários israelenses após ser estuprado. Parecia que todo mundo se dedicava a me ajudar”, relembra.
Só em 2010 é que ele se converteu depois de ler a Bíblia. Nessa época ele já estava solto e morando com seus familiares, mas a notícia da conversão reascendeu os problemas familiares.
“Minha mãe me ouviu ao telefone pedindo a um padre para ser batizado. Meu pai brigou comigo. Foi a primeira vez em que ele tentou me matar”.
Calvin voltou a fugir de casa buscando ajuda na igreja, mas acabou sendo preso “por apostasia” e quando foi solto precisou deixar o país para não ser morto pelo próprio pai.
Na Jordânia ele encontrou abrigo e logo conseguiu uma bolsa de estudos no Canadá. Nos últimos anos ele tenta receber asilo político, mas pelo histórico de sua família o governo canadense não quer conceder o documento. Se ele não conseguiu convencer as autoridades de deixá-lo no país, ele será deportado e poderá responder pelo crime de abandonar a fé islâmica.
Sobre sua orientação sexual, Calvin diz que se descobriu homossexual aos 15 anos, depois de ter sido estuprado na prisão, mesmo sem ter namorados, ele sentia “necessidades”, mas só foi se aceitar como gay em 2012 quando já morava no Canadá.
“Não é possível ser gay em Nablus”, disse o jovem que já contou sobre sua escolha sexual para sua mãe. “Quando contei à minha mãe, por telefone, ela me disse: ‘Eu não esperava que você pudesse me dar um desgosto pior do que ter se convertido. Há alguma coisa de ruim que você não é?’, questionou.
O jovem teme por sua vida se voltar à sua terra natal, mas o Canadá não deseja oferecer asilo a um jovem considerado como membro de uma organização terrorista.
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