Pervez Masih, pai de um cristão paquistanês assassinado em 2004, recebeu ameaças de morte e solicitou proteção da polícia em meados de dezembro. Seu filho Javed Anjum morreu em conseqüência da tortura feita por estudantes muçulmanos. Pervez se negou a retirar as acusações contra os agressores de seu filho.
Em uma audiência realizada em 15 de dezembro, Pervez Masih e seu advogado pediram ao juiz Muhammad Javed Iqbal proteção dos clérigos muçulmanos radicais.
Os muçulmanos pressionam Pervez desde que Maulvi Ghulam Rasool foi preso novamente em novembro. Acusado de torturar Javed, Maulvi teve sua libertação por fiança revogada pela Suprema Corte paquistanesa. Maulvi era um líder de oração muçulmano e segurança da madrassa (escola muçulmana) onde Javed foi torturado.
Segundo Pervez e seu advogado, os membros de um grupo radical islâmico tentaram atingi-los três vezes nas três últimas semanas. Em cada uma das vezes, grupos de 50 muçulmanos armados de pistolas se juntaram fora do tribunal, gritando que não poupariam "a vida de mentirosos" e empurrando o reclamante quando ele saía da audiência no tribunal.
A corte ainda não agiu em prol da segurança de Pervez e seu advogado Khalil Tahir Sindhu. Com Maulvi outra vez atrás das grades, a próxima audiência está marcada para 2 de janeiro.
Um membro de uma organização não-governamental local disse ao Compass que o que se comenta é que os partidos religiosos islâmicos estão por trás da demora neste caso. "Eles são poderosos e pressionam o sistema judiciário, a polícia e todas as instituições constitucionais."
Esse caso se tornou especial nas últimas semanas, quando o governo paquistanês começou a ser exigente com as madrassas por acolher militantes islâmicos e por estimular conflitos sectários.
Em uma declaração em vídeo, Javed disse que foi surpreendido pelos membros da madrassa quando ele parou para tomar água. Depois de saberem que ele era cristão, os estudantes o espancaram e aplicaram-lhe choques elétricos nas orelhas por cinco dias, até ele finalmente repetir o credo muçulmano.
Apesar de dizer o credo muçulmano na presença de duas testemunhas ser uma forma válida de conversão ao islamismo, Javed disse a sua família que ele não renunciou à sua fé cristã.
Cinco dias depois do desaparecimento do rapaz, os representantes da madrassa o levaram à polícia, alegando que eles o tinham capturado tentando roubar um filtro de água. A polícia chamou imediatamente Pervez, para vir e hospitalizar seu filho.
Com o braço direito e os dedos quebrados, unhas arrancadas, queimaduras de pele e ferimentos graves na bexiga, Javed foi transferido para um hospital de outra cidade depois que seus rins começaram a falhar.
Antes de perder a consciência, o estudante cristão deu um testemunho formal à polícia, afirmando ter sido torturado por negar-se a se converter ao islamismo.
Maulvi foi preso pela polícia algumas horas depois de Javed ter morrido no hospital, dia 2 de maio de 2004. Depois de nove dias de interrogatório, o preso finalmente deu o nome de dois cúmplices, Muhammad Tayyab e Umar Hayat.
Mas parece que a polícia estava cooperando com a madrassa já que não conseguiu prender Muhammad e Umar nas semanas seguintes. Ela também disse que Perez havia afirmado que seu filho estava insano.
Depois de 20 meses de processo, Umar Hayat ainda está para ser preso pela polícia. Mohammed Tayyab foi liberto sob fiança juntamente com Maulvi Rasool por decisão da corte de Punjab em dezembro do ano passado.
De acordo com o CLAAS, entidade de assistência jurídica, o prefeito Chaudry Ashfaz Ahmad também pressionou Pervez a deixar o caso e pedir reconciliação.
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