Os efeitos cada vez mais devastadores, gerados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, na região de Mariana (MG) e diversas cidades vizinhas acabaram gerando atitudes de solidariedade em diversas pessoas e institituições, que têm se mobilizado para apoiar as vítimas desta tragédia. Porém a decisão inusitada de um padre da cidade de Barra Longa (MG) tem dividido opiniões de líderes e internautas, que têm comentado a recente cessão da paróquia por ele dirigida, para a realização, também de cultos evangélicos.

Pároco da Igreja de São José, Wellerson Magno Avelino, de 39 anos cedeu o espaço de sua igreja, para que membros da Convenção Batista Mineira - que estão trabalhando como voluntários, no apoio às vítimas da tragédia - realizassem um de seus cultos, que têm sido programados durante este mês de novembro.

Algumas fotos do culto realizado na paróquia têm circulado pelas redes sociais e dividiram opiniões de líderes e outros internautas.

Apesar da iniciativa de Wellerson ter recebido o apoio de sua arquidiocese e também de diversos internautas (cristãos e não-cristãos) outros líderes criticaram a atitude do padre.

Nas fotos, não aparecem imagens de santos no interior do templo - as quais foram retiradas provisoriamente.

O padre Marcelo Tenório usou foi um dos críticos de Wellerson, com uma postagem em seu blog: “Lamentável. A fé não se negocia, a verdade não pode ser obscurecida por nada, nem tão pouco pela solidariedade”, postou.

Já o bispo anglicano Josep Rossello - o qual publicou as primeiras fotos, apoiou o padre e afirmou que “em momento de tristeza e dor, a missão como cristãos, é acolher uns aos outros. O padre Wellerson está de parabéns, pois faz o bem sem olhar a quem”.

Questionado sobre o fato, o padre Wellerson assegurou que as críticas não o incomondam e que sua igreja "está de portas abertas".

“Nossa igreja está de portas abertas, servindo de base para a atuação de voluntários de diversas partes do país, inclusive de outras religiões. Fizemos um culto ecumênico dias atrás que ajudou a manter a serenidade num momento muito difícil. O verdadeiro cristão é aquele que acolhe seus filhos, seja de onde for e em qualquer circunstância”, afirmou Wellerson.

Efeitos da tragédia

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, pelo menos 900 hectares de flora foram destruídos em Minas Gerais, devido ao desastre em Mariana. Este número ainda pode aumentar, pois o monitoramento dos efeitos desta calamidade ainda não foi concluído.

“Só em Minas Gerais, o Ibama já fez um laudo, e só de impacto em vegetação são mais de 900 hectares de destruição. Nós temos de medir hectare por hectare e fazer fotografias comparando com imagens de satélite o que era antes e o que é hoje”, disse.

No último final de semana, imagens da lama chegando ao Oceano Atlântico também possibilitaram a complexidade desta situação, que tem sido classificada pelo governo federal como um "desastre natural".