Pelo menos no papel, os muçulmanos constituem a maioria em todos os países da Ásia Central no Turcomenistão, Uzbequistão, Quirquijistão e Tadjiquistão chegando a 80% da população. A única exceção é o Casaquistão, no qual os muçulmanos constiuem cerca de 70% da população.
Entretanto, essas estatísticas têm que ser tratadas cautelosamente, já que elas refletem somente a porcentagem da população que pertence às nacionalidades que são historicamente muçulmanas. É extremamente difícil calcular o percentual da população fiel ao islamismo. Por exemplo, muitos na Ásia Central que se declaram muçulmanos não se abstem da bebida alcoólica, não jejuam no mês do ramadã e raramente frequentam de forma regular a mesquita. Mais ainda, os povos do Casaquistão, Quirquijistão e Turcomenistão eram nômades há não muito tempo e não são geralmente devotos ao islamismo. Entre essas nacionalidades, o islã é visto de maneira superficial, e em termos do dia a dia é misturado com rituais pagãos. Os muçulmanos mais praticantes dessa região são os uzbeques e os tadjiques.
Apesar da atenção dada pelos governos às minorias religiosas, o islã é a religião que disperta a maior preocupação entre as autoridades centrais. A preocupação é primeiramente com a política islã, onde os muçulmanos não só praticam os rituais religiosos como também tentam influenciar a situação política em termos da crença religosa deles.
Esses são os motivos das autoridades desses países sentirem tal preocupação. Durante a guerra civil do Tadjiquistão, que extende de 1992 a 1996, uma das forças da oposição queria uma sociedade organizada na linha com a lei sharia. Mais recentemente, o Movimento Islâmico do Uzbequistão - que foi reconhecido pelo Departamento do Estado Americano como uma organização terrorista - tentou entre 1999 a 2000 anular o regime secular do Uzbequistão pelos meios militares. O Quirquijistão também foi levado a esse conflito, quando os ativistas do Movimento Islâmico invadiram o Uzbequistão pelo Quirquijistão. A situação ficou ainda mais complicada pelo fato de cerca de 30% da população do sul do Quirquijistão - região onde ocorreu a batalha com os membros do Movimento Islâmico - ser de etnia uzbeque.
Dede o início dos anos noventa o termo Wahhabis tem se tornado excepcionalmente usado em toda a Ásia Central. Ainda assim essas Wahhabis possuem muito pouco em comum com os mantenedores da escola Hanbali dos sunitas que é maioria na Arábia Saudita (embora alguns dos Wahhabis na Ásia Central realmente fizeram campanha para serem purificados do que eles consideram de agressões modernas e por uma volta do islã original dos tempos do profeta Maomé). Durante a guerra civil do Tadjiquistão, essas lutas de oposição eram em favor do Wahhabism. O povo até deu o nome dos da oposição o nome de vovchiks (derivado do termo Wahhabi), enquanto os que eram contra ao Wahhabi eram chamados de yuchiks.
O termo Wahhabi foi espalhado pela KGB especialmente para causar divisão entre os fiéis. O então líder dos muçulmanos no Tadjiquistão, que atualmente é o primeiro deputado do premier, Akbar Turajonzoda, assumiu esse fato ao Forum18 em julho de 1992. No Uzbequistão, Casaquistão e Quirquijistão, todos os muçulmanos que faziam críticas do estabelecimento clérico - que tinha sobrevivido intacto nos tempos soviéticos e era praticamente indistinguível das autoridades oficiais - eram Wahhabis.
Além disso, no Uzbequistão, as autoridades perseguem de forma ativa os Wahhabis. Em 2000, a maioria dos prisioneiros políticos no Uzbequistão era Wahhabis. No Quirquijistão e no Casaquistão as autoridades não foram tão longe em ser opressiva com os Wahhabis, mas uma campanha foi feita contra eles na mídia local. No final de junho de 1999, o presidente do Quirquijistão Askar Akaev disse ao Forum18 que a palavra Wahhabis não possuia sentido negativo significando sim um esforço para a pureza de fé. Entretanto, depois da incursão dos membros do Movimento Islâmico no Quirquijistão, o governo se juntou nos ataques verbais aos Wahhabis.
Desde o ano de 2000, a popularidade do termo Wahhabi vem perdendo força, e o inimigo principal das autoridades da Ásia Central passou a ser o partido islâmico internacional Hizb-ut-Tahrir que visa unir o mundo islâmico sob um único califá. A ideologia desse partido consiste tanto expressar o sentimento anti-ocidental como o sentimento anti-semita descarado. As autoridades do Uzbequistão adotaram a política mais severa possível contra essa organização: uma pessoa que for encontrada com um panfleto da Hizb-ut-Tahrir ou literatura que reflete o ponto de vista deles, será sentenciado por pelo menos dez anos de prisão. As organizações internacionais de diretos humanos estimam que há cerca de 7.000 prisioneiros políticos no Uzbequistão sendo que 5.000 deles dizem fazer parte da Hizb-ut-Tahrir. O governo do Tadjiquistão também possui uma política bem severa contra tal organização. Cerca de 150 membros estão atualmente detidos neste país, muitos deles por estarem com panfletos da Hizb-ut-Tahrir.
O Quirquijistão e o Casaquistão possuem as política mais liberais aos simpatizantes da Hizb-ut-Tahrir (de todos os países da Ásia Central o Casaquistão é o único que não impôs uma restrição oficial à esse partido), ainda assim no Casquistão dois membros foram sentenciados por dois anos de prisão por incitarem o ódio racial. No Quirquijistão existem alguns casos aonde membros da Hizb-ut-Tahrir foram declarados culpados pela mesma acusação. Ainda no Quirquijistão, os direitos dos muçulmanos têm sido violados sob o pretexto de combater a Hzib-ut-Tahrir. Em abril do ano passado, professores de vários vilarejos no sul do Quirquijistão, aonde influência dessa organização é particularmente forte, disseram às crianças a não praticarem suas orações diárias - mesmo em casa - proibindo também a não aparecer na escola trajando o hijab, que é um lenço de cabeça tradicionalmente usado pelas mulheres muçulmanas. Entretanto, depois de algumas semanas essa pressão parou de existir.
Em 2001, de acordo com a imprensa local, oficiais do Comitê de Segurança Nacional (KNB, antiga polícia secreta da KGB) no sul do Casaquistão espancaram até a morte um jovem de 21 anos com o nome Kanat Biyembitov depois de detê-lo com a alegação de que ele fazia parte da Hizb-ut-Tahrir. O governo chegou a conclusão de que os dois oficiais irão arcar com as consequências pela morte e também informou que eles foram afastados; entretanto, nenhuma ação criminal foi feita contra eles. A KNB oficialmente declarou campanha contra o extremismo religioso como sendo uma de suas principais prioridades.
É uma grande surpresa que em adotar tais políticas as autoridades da Ásia Central estejam tentando exercer um controle rígido em todas as mesquitas. No Uzbequistão a Administração Espiritual dos Muçulmanos tornou-se praticamente uma agência do estado que controla de forma rígida todas as mesquitas em atividade neste país em 1992. Depois que a oposição foi forçada a se retirar de Dushanbe, capital do Tadjiquistão, as novas autoridades aboliram a Administração Espiritual dos Muçulmanos no país que tinha apoiado a oposição, e formado uma organização em seu lugar - o Conselho de Ulems (estudantes de teologia).
As autoridades no início estavam tentando nessa maneira despertar o clero Muçulmano, que eram rivais políticos em potencial às autoridades seculares. Entretanto, uma vez que eles tinham se convencido que o Coselho de Ulems faria de forma submissa o que eles quisessem, as autoridades concederam poder que outrora era exercida pela Administração Espiritual. Formalmente, o clero muçulmano é escolhido pela congregação, e o candidato escolhido é confirmado pelo Conselho de Ulems. Entretanto, na prática o Conselho é governado pelas autoridades e um imam que não se enquadra ao cargo é substituido. O chefe da mesquita central Haji Yakub em Dushanbe e um membro do Conselho de Ulems, Faisullo Zabuido, admitiram ao Forum18 em novembro passado que uma pessoa que as autoridades consideram não adequadas para o cargo não pode ser um imam.
O governo do Casaquistão tem feito algumas tentativas de governar os muçulmanos com a ajuda da Administração Espiritual no país. Entretanto, tanto o governo como a Administração negam que exista qualquer ligação oficial entre eles. De qualquer modo, o governo tem várias vezes proposto emendas na lei da religião, sendo que a Administração Espiritual assumiria um papel quase oficial determinando quais grupos islâmicos devem ter o direito de obter o registro junto às autoridades governamentais e aprovando a construção de novas mesquistas. Em abril de 2002, o Conselho Constitucional chegou a um parecer que essas emendas propostas eram inconstitucionais.
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