A corte do distrito de Sabail em Baku chegou a um parecer no dia 1 de março - dia da Ashura, uma das comemorações mais importantes dos muçulmanos shia - de retirar a comunidade islâmica da mesquita milenar de Juma no centro velho de Baku que tem sido usado nos últimos doze anos como uma aparente punição pela independência dessa comunidade islâmica com as autoridades.
A audiência foi uma farsa, disse ao Forum18 no dia 1 de março, Najaf Allahverdiev, porta voz da mesquita e irmão de Ilgar Ibrahimoglu Allaverdiev, imã que se encontra preso. O juíz obviamente entregou a decisão já concluída pelas autoridades antecipadamente. Ele rejeitou o parecer e prometeu que a comunidade não desistiria de sua casa de adoração, mas defenderia os direitos através de meios pacíficos.
O parecer não forneceu nenhum prazo para que os muçulmanos deixassem a mesquita, mas para que acontecesse imediatamente. Os muçulmanos agora temem que a polícia chegue ao local e os expulse a qualquer momento.
Esse foi o último ato feito pelas autoridades contra a mesquita e seu Imã, o ativista de direitos humanos Ilgar Ibrahimoglu, que tem atuado como defensor da liberdade de expressão de todas as religiões no Azerbaidjão.
Entre os espectadores no julgamento, estavam representantes do Estados Unidos e da embaixada Real Norueguesa, bem como membros do escritório em Baku da Organização para Segurança e Cooperação na Europa. Também estava presente Mehmet Gaidarov, oficial do Comitê do Estado para Obras com Organizações Religiosas, que tem buscado por um longo tempo o fim da atividade religiosa em Juma.
Em defesa aos muçulmanos está Ilya Zenchenko, chefe da comunidade batista no país, que considerou esse parecer como uma injustiça descarada. O governo luta não só contra dissidentes, como cristãos e outras minorias, mas até mesmo contra os muçulmanos, disse ele ao Forum18 no dia 1 de março em Baku. Não é nem mesmo o governo muçulmano. É contra Deus. Ele disse que o governo quer que todos pratiquem suas adorações com medo, e de boca fechada. Isso é tomar o lugar de Deus.
Najaf Allahverdiev reclamou que nas três horas de audiência, a juíza Yusif Karimov, violou todos os procedimentos legais em não permitir que representantes da mesquita expusessem o caso de maneira mais apropriada, levando em questão a conservação da arquitetura que desencadeou a essa ação de retirar a comunidade e, crucialmente, recusar a permissão para que os muçulmanos tivessem tempo suficiente para estudar seis documentos apresentados pela primeira vez na audiência. Os documentos foram escondidos de nós até agora, reclamou Allahverdiev. A juíza nos ofereceu somente cinco minutos para estudar os documentos.
Entre os recém documentos apresentados estava, uma carta datada de 19 de janeiro do prefeito de Baku, Hajibala Abutalybov, à polícia local instruindo os a remover a comunidade da mesquita.
Allahverdiev alegou que a corte tinha deixado de provar que a tentativa frustrada dos representantes da mesquita em obter o registro junto ao governo invalidou seu registro original de 1993, que é uma das acusações da área de conservação.
Allahverdiev disse que representantes islâmicos deixaram o tribunal antes da juíza apresentar o parecer final em protesto da maneira em como foi conduzido o procedimento deste caso. Fizemos uma queixa do lado de fora para dizer que isso era uma continuação da perseguição iniciada em 1937 e uma violação da liberdade religiosa.
O Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição do Azerbaidjão nos garante o direito de liberdade religiosa, prosseguiu Allahverdiev. Continuaremos a praticar nossas orações na mesquita e denfendê-la. As orações no dia de Ashura irão ocorrer durante a noite toda e amanhã.
Os muçulmanos planejam recorrer contra a decisão da corte no dia 3 de março depois da Ashura. Não estamos perdendo a esperança. A força do estado não irá interromper nossas orações. Precisarão de cassetetes para nos expulsar daqui.
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