O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi levado ao poder em 2014 com a promessa de lidar com a corrupção que atormenta a vida pública do país, além de promover uma nação cada vez mais hinduísta.
Mas, agora que ele está enfrentando uma crise de popularidade devido a uma decisão de retirar cédulas de circulação no país, atingindo assim as classes mais pobres da Índia e ameaçando seu crescimento econômico. Agora, ele está cada vez mais dependente da elite religiosa hindu que o apoiou para o cargo de primeiro-ministro. Essa classe faz parte da ala política do Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), uma organização nacionalista hindu que promove a crença de que a Índia é hindu e que as religiões minoritárias - como o Cristianismo - são religiões inferiores.
Com este cenário em vigor, uma das organizações cristãs estrangeiras que mais colabora com os menos favorecidos está enfrentando uma dura crise. A “Compassion International”, que apoia mais de 145 mil bebês, crianças, jovens e adultos alertou que pode interromper seu trabalho, após 48 anos de atividade.
É porque o governo indiano impediu de passar os fundos para a organização com o argumento de que ela está convertendo ilegalmente as pessoas ao cristianismo - uma alegação negada categoricamente pela Compassion.
Autorização prévia
De acordo com a organização, o governo indiano ordenou em fevereiro que uma "autorização prévia" seria necessária antes que os fundos pudessem ser transferidos para os parceiros. "Depois de meses tentando obter uma autorização prévia, concluímos que o processo é uma ficção. Nunca nos ofereceram uma explicação para essa ação, nos nove meses desde que a ordem foi emitida", relata.
Em um artigo o presidente e CEO da Compassion, Jimmy Mellado, alertou que o trabalho da organização poderia ser encerrado. Citando um artigo do The Guardian, ele diz que a Índia já fechou 25 organizações com financiamento estrangeiro desde a adesão do partido BJP. O artigo refere-se a um relatório vazado dizendo que ONGs que destacam questões como a discriminação de casta, direitos humanos ou preocupações ambientais faziam parte de uma "campanha que retarda o crescimento" com o objetivo de desacreditar internacionalmente da Índia.
Mellado diz: "As ações da Índia devem chocar os defensores dos direitos humanos e todos os que valorizam o relacionamento dos Estados Unidos com a maior democracia do mundo. A Compassion não cometeu crimes, não violou leis, e até agora não recebeu nenhum aviso formal de ações ilegais ou uma resposta do governo indiano".
"Em suma, o Ministério do Interior da Índia está usando esses aspectos da burocracia, que na verdade precisam de uma reforma urgente, para atingir as ONGs com pontos de vista diferentes dos seus", finalizou.
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