Desde sua independência da França em 1960, a República Centro-Africana enfrentou três décadas de governo predominantemente militar. Quando o governo civil foi estabelecido em 1993, durou apenas dez anos. Em 2003, houve outro golpe de Estado no qual o general Francois Bozizé depôs o presidente Ange-Felix Patasse. Dois anos depois, Bozizé venceu as eleições. Em 2011, ele foi reeleito, o que foi amplamente visto como fraude.
O governo de Bozizé foi marcado por rebeliões no interior do país. Mas, quando ele assinou um acordo de paz com o último grupo rebelde histórico em agosto de 2012, parecia que a estabilidade poderia se tornar uma realidade. No entanto, alguns meses depois, surgiu uma nova aliança rebelde: os Seleka (o termo Seleka significa "aliança" na língua Songo).
Embora o país seja conhecido por seus recursos, como diamantes, urânio e ouro, e alguns digam que o conflito atual é étnico e político, o governo e outros insistem que há fatores religiosos. Dizem que os rebeldes wahhabistas querem derrubar o governo para impor sua ordem jihadista. Mercenários estrangeiros do vizinho Chade e do Sudão, assim como os muçulmanos influentes de Bangui, se juntaram à rebelião, fortalecendo estes temores.
Em resposta, o comandante do Seleka, coronel Narkoyo, disse: "Embora 90% do grupo seja de muçulmanos, somos todos centro-africanos". Desde o início de sua campanha, os rebeldes obtiveram muito sucesso. Eles assumiram rapidamente o controle da maior parte do norte, do nordeste e das áreas centrais do país. Tropas das Forças Africanas de Interposição (FOMAC) e da África do Sul protegeram a capital Bangui do avanço dos rebeldes.
Em janeiro desse ano, a Comunidade Econômica dos Estados da África Central negociou com sucesso um cessar-fogo e um acordo para formar um governo de unidade nacional. Forças do Chade foram complementadas pelas tropas de manutenção da paz de outros países africanos. Contudo, uma falha por parte do governo em atender as demandas e a relutância por parte dos rebeldes em serem desarmados resultou na retomada dos combates.
Em 11 de março (2013), os Seleka conquistaram Gambo e Bangassou no sudeste do país. O exército ofereceu pouca resistência. Como as linhas de comunicação em Bangui foram cortadas, receber notícias das áreas afetadas tornou-se difícil, o que impossibilita conhecer a situação atual no local.
O que a Portas Abertas tem ouvido, porém, é que os rebeldes, conhecidos por assassinato, estupro e saque, trouxeram imenso sofrimento à população, em sua maioria cristã (quase 80%), nas áreas rurais. Inúmeras pessoas foram assassinadas.
Diversos cristãos e atividades missionárias foram afetados. Na cidade de Ndele, rebeldes saquearam a casa do pastor Jean Bosco Ndakouzou; ele diz que se estivesse por perto no momento do saque, o teriam assassinado. Em Bambari, eles destruíram uma igreja batista e usaram os bancos como lenha.
Bispos católicos da República Centro-Africana relataram à agência de notícias católica Fide: "Escolas e hospitais estão em ruínas ou inoperantes. Até os edifícios governamentais e as igrejas foram saqueados, destruídos e profanados".
Há relatos de vários outros casos de violência, espalhados por todas as áreas afetadas, contra funcionários da igreja católica. "As pessoas vivem com medo. Elas estão dispersas na floresta, impedidas de desempenhar livremente suas atividades: os campos foram abandonados. Não há respeito pelo inviolável direito à integridade física de cada ser humano, especialmente mulheres e meninas, que são repetidamente abusadas e estupradas", relatou a Fide.
De acordo com o UNICEF, cerca de 180 mil pessoas foram desalojadas. Estes civis, principalmente cristãos, são agora indigentes e enfrentam circunstâncias terríveis nas florestas.
"Estamos extremamente preocupados com o bem-estar geral dos civis desalojados, muitos dos quais vivem em condições adversas e em povoados remotos, assim também preocupa-nos o bem-estar dos refugiados de países como o Sudão do Sul, Chade e a República Democrática do Congo", disse aos jornalistas o porta-voz do ACNUR (Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados) Adrian Edwards.
Outro porta-voz do ACNUR, Fatoumata Lejeune-Kaba, disse, em relatórios, na semana passada, que confrontos desde dezembro entre forças Seleka e forças armadas da República Centro-Africana "restringiram consideravelmente o acesso humanitário a cerca de 5.300 refugiados e a mais de 175 mil desalojados internos".
Pedidos de oração
Ore pela proteção de Deus aos cristãos oprimidos em cidades ocupadas por rebeldes.
Peça para que as agências humanitárias sejam autorizadas a levar ajuda alimentar, necessária a milhares de refugiados.
Interceda por esforços diplomáticos e de sensibilização renovados, para negociar a paz na República Centro-Africana.
A Portas Abertas tem tido um longo e frutífero relacionamento com a igreja no país. Temos realizado muitos trabalhos de conscientização entre as igrejas sobre a ordem islâmica e seu papel como cristãos para conter o avanço islâmico através de processos democráticos. Ore para que o impacto do nosso trabalho não seja destruído.
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