Ironicamente, no mesmo dia, em que uma capela católica foi destruída no Vietnã, a denominação Igreja Menonita do Vietnã foi autorizada a realizar sua assembléia geral na cidade de Ho Chi Minh, em 15 de novembro.
Esse é o quinto grupo minoritário que foi legalmente reconhecido pelo governo em 2008.
O reconhecimento governamental não pode ser confundido com liberdade religiosa total, ainda que a igreja passe a ser mais bem tratada pelo governo, disseram líderes cristãos.
Algumas vezes o registro passa a ser uma forma de controle pelo governo e isso tem levado vários grupos evangélicos a não mais se cadastrarem.
A Igreja Batista da Graça, a Igreja Presbiteriana do Vietnã, a Igreja Batista do Vietnã e a Igreja Adventista do Sétimo Dia também foram legalmente reconhecidas em 2008. Já são oito as denominações evangélicas registradas.
A Igreja Evangélica do Vietnã do Sul e do Norte foram as duas que receberam o registro antes de entrar em vigor a nova legislação sobre religião, no final de 2004.
Nenhuma das 24 igrejas domésticas da Comunidade Evangélica do Vietnã (VEF) receberam o registro de funcionamento. Apenas uma das sete congregações tem autorização para funcionar.
Das 2.148 congregações da VEF, 1.498 já solicitaram permissão para operar, porém apenas 334 já receberam a liberação. Outra organização de igrejas domésticas solicitou autorização para o funcionamento de 80 congregações, mas não houve nenhuma liberação até o momento. Outros grupos estão na mesma situação.
Igreja a serviço da nação
Na Assembléia Geral da Igreja Menonita, pastores demonstraram preocupação com possíveis segundas intenções do governo ao o reconhecer a Igreja.
O relise da Agência de Notícias do Vietnã de 15 de novembro, impondo que a Igreja deve “servir a Deus e à nação” e “unir-se com outras pessoas na reconstrução da nação”, chocou alguns líderes evangélicos, que temem que suas congregações venham ser utilizadas para fins políticos.
Líderes cristãos percebem que o governo teme as relações internacionais das igrejas, ainda que “por mais de três décadas, a Igreja Menonita do Vietnã venha atuando de forma independente das igrejas menonitas estrangeiras.”
Na cerimônia de oficialização, o representante da Agência para Assuntos Religiosos, Nguyen Thanh Xuan, disse que espera que a Igreja Menonita “pratique os bons princípios do protestantismo, assumindo a tradição da caridade, e ande de mãos dadas com pessoas religiosas ou não, para construir um país estável e próspero”.
O tratamento árduo dispensado ultimamente aos católicos em contraste com a legalização cedida a igrejas protestantes não é tão contraditório como que parece, disse um observador.
“O número de católicos supera o de evangélicos em cinco vezes, e são muito mais unidos e organizados do que as “pobres” igrejas protestantes do Vietnã”, disse ele.
Os evangélicos, em menor número, são mais divididos e menos capazes de ações conjuntas, portanto não são uma ameaça para o governo, complementa.
“Por exemplo: os intermináveis pedidos e ultimatos feitos pela Igreja Evangélica do Vietnã (do Sul) por suas 265 propriedades confiscadas são simplesmente ignorados”, ele disse. “Não esqueça que a maioria dos evangélicos é de etnias minoritárias, que vivem em áreas remotas, observadas bem de perto pelo governo.”
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