O texto abaixo, escrito por Mike Burnard*, foi publicado em editorial da edição de junho de 2006 da revista Open Doors da África do Sul.
Em João 20.25 lemos as palavras de um verdadeiro cristão. Alguns o chamam de "Tomé, o cético", mas na verdade ele deveria ser chamado de "Tomé, o investigador". Tomé se recusou a aceitar qualquer pessoa ou ensino em que não houvesse as marcas da cruz. Sem vacilar ele declarou: "Se eu não vir nas suas mãos os sinais dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei" (Jo 20.25).
Se Tomé pudesse visitar a Igreja do ocidente hoje com o mesmo critério, de que não acreditaria se não visse as marcas do sacrifício e da doação na vida dos que proclamam dedicação à cruz, será que ele ainda se contentaria? Seremos nós capazes de mostrar nossas chagas e apresentar nossas cicatrizes como prova viva de que seguimos Aquele que foi crucificado? Ou seremos capazes apenas de exibir nossa riqueza e nossa abundância? Hoje esse ensino ainda é parte inseparável do cristianismo onde a fé custa um preço.
Em outro editorial, vimos a importância, de acordo com a Escritura, de sermos capazes de mostrar nossas "chagas" por Jesus. Em João 20.19, Jesus se identifica por suas cicatrizes, e chegamos à conclusão que a primeira razão pela qual as "chagas" da Igreja são importantes é que a perseguição é a marca registrada da Igreja. Foi assim que Jesus se identificou.
O sofrimento é, de fato, uma abertura
através da qual aprendemos tudo
que precisamos saber a respeito de Deus
No mês passado, descobrimos que a segunda razão pela qual as "chagas" são importantes é que a perseguição, a oposição e a aflição são as mensagens da Igreja. A primeira lição que Paulo teve que aprender depois de seu encontro com Cristo na estrada para Damasco (Atos 9.15-16) foi simplesmente entender quantas coisas ele teria de sofrer por causa do nome de Jesus.
As chagas são, de fato, parte inseparável do cristianismo. Em João 20.21, depois que Jesus se revelou mostrando suas chagas e cicatrizes, ele olhou para seus temerosos discípulos e deu-lhes um simples comando: "Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". Jesus veio para dar sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45). Havia uma exigência divina de que ele sofresse. E porque isso foi sua vocação, o sofrimento também se tornou a vocação daqueles que o seguem. Como o Pai enviou Jesus, assim também Ele nos envia.
Nesse mês descobrimos a maravilhosa verdade de que a perseguição não é apenas a marca registrada e a mensagem da igreja, mas as chagas são também o educador da Igreja. O sofrimento é de fato uma janela através da qual aprendemos tudo que precisamos saber a respeito de Deus.
"Nós consideramos a prisão como
nosso seminário. Vemos os campos
de prisão como universidades de Deus"
Durante uma visita ao Vietnã, tivemos o prazer de passar algum tempo com três dos principais pastores nesse país restrito. Nós nos maravilhamos com a alegria estampada no rosto dos três pastores vietnamitas à nossa frente. Nossa idéia inicial era de que as dificuldades, os anos na prisão e a falta de recursos e equipamentos resultariam em uma Igreja "biblicamente fraca" e "desmoralizada espiritualmente". Mas, experimentamos exatamente o oposto.
Uma Igreja forte e vibrante, com líderes que conhecem a Bíblia e o Deus da Bíblia de um modo íntimo e profundo que eu jamais presenciei antes. Depois de um tempo de comunhão e oração, o pastor Han olhou para o pastor John e, com grande entusiasmo, perguntou pela próxima "seção de treinamento" e quando ele supunha que iria para o próximo "seminário".
Essa pergunta me surpreendeu, porque eu sabia das restrições e da falta de oportunidades naquele país fechado. "Vocês tem oportunidade de freqüentar um seminário? Eu perguntei, surpreso".
O pastor John sorriu: "Não, meu irmão, você não entende... nós consideramos a prisão como nosso seminário. Vemos os campos de prisão como universidades de Deus, porque é onde nós realmente aprendemos como conhecer Deus".
Os sofrimentos da vida se
tornam a escola de Cristo onde
as lições de fé são ensinadas
Em Hebreus 12.10 aprendemos que Deus disciplina sua Igreja através do sofrimento. Deus está, de fato, mais preocupado com nosso caráter do que com nosso conforto. Seu propósito para a Igreja não é a riqueza sem medida, mas uma profunda fé e uma profunda santidade. Em Hebreus 5.8 lemos que embora Jesus fosse o Filho de Deus, Ele "aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu". Para nós também há a necessidade não só de termos nossa obediência testada e comprovada, mas também de sermos purificados de todos os resquícios de auto-suficiência e embaraço com o mundo.
Em 2 Coríntios 1.8-9, Paulo diz: "Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos". Paulo não atribui seu sofrimento às mãos de satanás, mas diz que Deus decretou isso para ensinar e aumentar sua fé. Os sofrimentos da vida se tornam a escola de Cristo onde as lições de fé são ensinadas e que não poderão ser aprendidas em nenhum outro lugar. Conforto, tranqüilidade, fartura, prosperidade, segurança e liberdade freqüentemente causam uma tremenda inércia na igreja. Ela demonstra fraqueza, apatia, letargia, preocupação com a segurança e se torna centrada em si mesma.
Em vez de orarmos por prosperidade, conforto
e riqueza, deveríamos orar por situações que levem
a um aumento na fé e na santidade
Eu nunca deixo de me impressionar com o foco das orações da Igreja na África do Sul nesses aspectos que tão facilmente nos roubam a fé. Em vez de orarmos por prosperidade, conforto e riqueza, deveríamos orar por situações que levem a um aumento na fé e na santidade. Não há dúvida de precisamos da Igreja Perseguida muito mais do que ela precisa de nós. Não há coroa sem cruz, e a vida daqueles que partilham a cruz de Jesus será a nuvem de testemunhas em um mundo transigente e "cinzento". A cruz de Jesus é o ÚNICO caminho para a salvação. E também é o único modo de ensinar a mensagem do nosso Salvador. O custo da cruz é algo intransigente. Não haverá soluções rápidas. Não há respostas fáceis. O caminho para o túmulo vazio sempre terá um preço. Não há maior exemplo do que Cristo. Há uma beleza radiante na vida dos que o seguem.
Mas nossa liberdade tem de restabelecer a igualdade e nossa abundância terá de ser para o bem deles. Gostaria então de desafiar cada leitor a fazer da Igreja Perseguida parte inseparável de sua vida espiritual. Se for possível, visite um país fechado o mais rápido possível e depois apresente seus filhos àqueles que foram à Universidade da Vida. Você não se arrependerá disso.
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