Pouco depois de um ano de conversão ao cristianismo em Ngudungudu, no Chade, Nehamiah Baki deixou a cidade para se encontrar com sua família nômade no deserto.
Ele havia entregue sua vida a Cristo em dezembro de 1995. Sua mulher já havia voltado à casa de seus pais e ao estilo nômade de vida, e Baki, um legítimo muçulmano e nômade fulani, desejava voltar a se unir à sua mulher e aos seus dois filhos.
No entanto, o sogro de Nehamiah Baki, quando soube de sua conversão, prendeu a filha e disse que só a deixaria voltar para ele caso renunciasse à fé cristã.
“Quando eu voltei para apanhar minha mulher e as crianças, meu sogro me disse claramente que não deixaria minha mulher ficar comigo, um pagão”, declarou Nehamiah Baki ao Compass. “Apesar de todas as súplicas, meu sogro se recusou a deixar que eu levasse minha mulher e meus filhos.”
Durante um ano, Nehamiah Baki enfrentou ameaças de membros de sua família para que ele renunciasse à fé cristã. Ele se recusou, mas continuou vivendo com eles e se integrando à vida nômade dos criadores de gado. Todos os dias, por 30 minutos, ele se sentava sob uma árvore, lia a Bíblia e orava enquanto via o gado pastar
Ameaçado pela hostilidade de seus parentes, um dia Nehamiah resolveu ir embora sem sua família. Alguns anos depois, ele voltou para tentar convencer seu sogro a deixar que ele levasse sua mulher e seus filhos. No decurso do confronto, seu sogro matou uma das crianças, em 18 de agosto de 2002.
“No fim de tudo isso, ele assassinou meu primeiro filho, Joshua, envenenando-o”, disse Nehamiah Baki. “Depois de perder meu filho e ter minha vida ameaçada, tive que ir embora sem minha mulher, mas consegui levar nosso segundo filho.”
Garantia da presença divin
Durante o período de hostilidade por parte de seus parentes, a fé de Nehamiah foi fortalecida e protegida. Ele declarou que Jesus Cristo apareceu em muitos de seus sonhos, assegurando que estava ao lado dele.
A jornada pelos caminhos de Cristo não começou sem uma advertência. Tudo começou depois de ouvir uma mensagem cristã em uma fita cassete na língua fula. Um evangelista, conhecido como pastor Musa, mostrou a fita para ele e para outros membros de sua casa em dezembro de 1995.
“Eu, meu pai, um primo e meu irmão estávamos em casa naquela tarde”, disse ele. “A mensagem do cassete dizia que todo aquele que não aceitar Jesus Cristo, não será salvo. Eu nunca tinha ouvido uma mensagem dessas enquanto era muçulmano, no islamismo não há nenhuma garantia de que alguém será salvo.
A mensagem de garantia de salvação o fez pensar. “Quando eu ouvi aquela mensagem, naquela noite decidi que tinha que aceitar Jesus Cristo como meu salvador”, disse ele ao Compass. “Eu disse ao pastor Musa que eu havia decidido entregar minha vida a Jesus. Ele me disse para pensar bem no assunto antes de tomar essa decisão.”
Naquela noite, Nehamiah Baki tomou coragem para falar a seu pai que queria se tornar um cristão. Muito chocado, seu pai o alertou de que ele não iria agüentar a perseguição que iria sofrer.
Deixar o islamismo seria como cometer suicídio
“Ele me disse que era impossível deixar o islamismo, pois isso significaria o mesmo que cometer suicídio”, contou. “Mas eu insisti que precisava me tornar um cristão. Ele olhou em meus olhos e disse que não iria tentar me deter, mas que eu deveria estar preparado para encarar as conseqüências da minha decisão.”
Nehamiah Baki deixou sua mulher e dois filhos, e caminhou por dois dias pelo deserto à procura do pastor Musa.
“Eu me encontrei com o pastor Musa em Ngudungudu e disse a ele sobre o meu desejo de deixar o islamismo e me tornar um cristão”, contou. “Ele orou para que eu aceitasse Jesus, e eu fiquei lá com ele, ouvindo mensagens em fitas cassetes, já que eu não sabia ler.”
Em janeiro de 1996, Nehamiah Baki foi batizado na congregação local de Ngudungudu, a qual ele chama simplesmente de igreja evangélica.
Depois que as hostilidades forçaram-no a deixar grande parte da sua família no Chade, em 2002, Nehamiah Baki voltou ao pastor Musa, que o apresentou a uma missionária ocidental de seu país, Oscillia Geffelle. Ela o levou a uma missão, onde ele recebeu ensinamentos sobre os princípios básicos de saúde. Enquanto aprendia a ajudar no tratamento de pacientes e pregava o evangelho, ele teve que deixar seu segundo filho em um orfanato.
O até então nômade e analfabeto, que não conhecia nenhuma outra atividade senão o cuidado com o gado, era agora um assistente de saúde em uma clínica cristã, dividindo o evangelismo com outras pessoas.
Preocupada com a segurança de Nehamiah Baki no Chade, a missionária Oscillia Gefelle o enviou em 2003 a uma escola bíblica, a Ecole Bibligue, em Tibarti, próximo de Yaoundé, no Camarões. Depois de terminar seus estudos, Nehamiah Baki foi em 2006 para a Nigéria, onde ficou estudando a língua hauçá por um ano.
Força e encorajamento
No ano passado, ele se matriculou em um curso de quatro anos na Faculdade Bíblica de Zalanga, um instituto teológico da Igreja Evangélica do Oeste da África, no Estado de Bauchi. Zakariya Zwahu, diretor da faculdade, disse que Baki está indo bem no curso.
Nehamiah Baki disse que Deus tem sido fiel, mas que ele conta com o apoio de outros cristãos para completar seus estudos na faculdade.
Mesmo sendo um fugitivo, afastado de sua família por mais de 11 anos por se tornar um cristão, Nehamiah diz que olha para trás com alegria pela escolha de receber Jesus.
“Acusações e sofrimentos não devem desencorajar ninguém a seguir Jesus Cristo”, afirmou Nehamiah Baki ao Compass. “Mas, os muçulmanos que fizeram a decisão de seguir o caminho da verdade, Jesus Cristo, devem se manter firmes.”
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