O Brasil vem testemunhando uma série de denúncias de corrupção nos últimos anos, que resultaram na prisão de ex e atuais deputados, ministros e detentores de cargos públicos. A lista divulgada esta semana pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em que o ministro Edson Fachin autoriza novas investigações gerou ainda mais certeza que os que ocupam cargos eletivos hoje em dia não serão reeleitos.
Isso deve se refletir na campanha de 2018, quando deverá aumentar o número de políticos ligados a igrejas, avaliam especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Fachin deu sinal verde e as investigações, no âmbito da Lava Jato, afetarão grande parte dos mais poderosos políticos e dirigentes partidários brasileiros. No total são cerca de duas centenas de pessoas, incluindo os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Flávia Biroli, vice-diretora do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), acredita que “quando os partidos se enfraquecem e há uma percepção de que o sistema está corrompido, podem se fortalecer atores individuais que se dizem independentes do sistema”.
A professora cita como exemplos o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ), cotados como presidenciáveis. Em comum, eles são vistos como pessoas “alheias ao sistema” vigente, rejeitado pela maior parte da população.
A especialista diz ainda que, quando a política partidária perde legitimidade, as igrejas acabam ganhando força “como canais para a construção de carreiras políticas”. Ou seja, deverão ganhar mais espaço candidatos ligados a elas.
O professor de Ciência Política da UnB, David Fleischer aposta em uma renovação de até 70% da Câmara dos Deputados na próxima eleição. Na média, o índice é próximo de 50%, mas por causa das investigações dos citados nas delações da Odebrecht ano que vem as coisas devem mudar.
STE já pensa em barrar igrejas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está analisando uma cláusula para impedir o uso do poder econômico e a influência das igrejas no período eleitoral, afirmou o presidente da Corte eleitoral, Gilmar Mendes.
“Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz ‘meu candidato é esse’. Estamos discutindo para cassar isso”, alegou o ministro.
Segundo o ministro, existe o uso da religião para direcionar as eleições, contando ainda com os recursos das igrejas, sejam eles material ou mesmo o uso dos templos.
Gilmar Mendes comentou que existe uma tendência para abuso de poder econômico de “difícil verificação”, sendo necessário a intervenção do TSE.
Segundo a Veja, a bancada evangélica na Câmara dos Deputados cresce a cada eleição. Conforme informações do TSE, em 1998, eram 47 parlamentares. Em 2014, foram eleitos 80.
A Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, tem 181 deputados e quatro senadores participantes, que incluem, os deputados ligados às igrejas, simpatizantes e outros parlamentares que defendem as mesmas matérias.
Hoje no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os evangélicos têm uma representação de 22% da população.
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