Pelo menos 63 jornalistas profissionais foram mortos em atividade no ano de 2018 em todo o mundo, apontou a RSF (Repórteres Sem Fronteiras), um aumento de 15% em relação ao ano passado. O número de mortes aumenta para 80 quando são incluídos todos os trabalhadores de mídia e jornalistas cidadãos.
Os números constam do balanço anual feito pela organização, que trabalha no monitoramento da liberdade de imprensa no mundo. O levantamento inclui as mortes em campo, como por exemplo em áreas de conflito, e assassinatos deliberados — que este ano representam mais da metade das ocorrências registradas pela ONG.
"A violência contra os jornalistas atinge um novo patamar este ano", comenta Christophe Deloire, secretário geral da RSF.
Países mais perigosos
Os três países mais perigosos para os jornalistas trabalharem em 2018 foram o Afeganistão e a Síria, países marcados por conflitos e atuação de grupos terroristas, e o México, onde a guerra às drogas também mira os jornalistas.
Já o atentado contra a redação do Capital Gazette, que matou cinco funcionários do jornal, fizeram os Estados Unidos entrarem pela primeira vez entre os países mais perigosos do mundo para jornalistas.
A organização de liberdade de imprensa também informou que 348 jornalistas estão detidos em todo o mundo, em comparação com 326 neste momento em 2017.
China, Turquia, Irã, Arábia Saudita e Egito detêm mais da metade dos jornalistas presos no mundo.
Líderes incitam ódio contra jornalistas
Repetindo alertas já feitos por outras organizações, como a Human Rights Watch e a Artigo 19, a RSF chama a atenção para o papel de líderes mundiais e locais na construção deste cenário onde a liberdade de expressão e de imprensa, bem como os direitos humanos em geral, estão ameaçados.
"O ódio contra jornalistas, proferido ou até mesmo reivindicado por líderes políticos, religiosos ou empresários sem escrúpulos, tem consequências dramáticas em campo e se reflete em um aumento preocupante dos abusos contra jornalistas", diz Deloire.
"Disseminados pelas redes sociais, que têm grande responsabilidade nesse aspecto, esses sentimentos de ódio legitimam essa violência e enfraquecem, um pouco mais a cada dia, o jornalismo e, com isso, a democracia."
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