A bancada evangélica na Câmara elegeu um novo presidente para os próximos dois anos. Saiu João Campos (PRB/GO), conhecido pela sua postura clara e incisiva e entra Hidekazu Takayama (PSC/PR). Em comum o fato de ambos serem pastores evangélicos ligados à Assembleia de Deus.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Takayama mostrou uma postura confusa. Nas questões morais, afirma ser conservador, reforçando o compromisso com a defesa da família tradicional, formada por homem e mulher.
“Onde já se viu ‘Adão casado com Evo, ou Eva com Ada’”, questiona, acrescentando, “Se a Bíblia tivesse [esses casais], só teria os primeiros capítulos. Somos coerentes com as leis naturais”.
Ele mostra que as principais bandeiras da bancada, formada por cerca de 90 deputados, não mudaram. “Por que defendemos o Estatuto da Família com unhas e dentes? Ninguém é dono da verdade, mas entendemos que, se você tivesse dois pais, não estaria aqui, estaria? ‘Ah, mas [gays] podem adotar.’ Ok, mas já se torna uma coisa não natural”, explicou Takayama.
Quando o PSOL entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal, requerendo a legalização do aborto, houve uma demora considerável da bancada se manifestar. Ao invés de um discurso público e nota, a nova diretoria preferiu procurar o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, a quem foram apresentados documentos mostrando a postura da “bancada da Bíblia” que inclui deputados católicos conservadores.
Os assuntos debatidos foram legalização das drogas, aborto, ideologia de gênero no currículo escolar e se alunos transexuais podem usar o banheiro que preferirem. A bancada é contrária a tudo isso.
Aos 68 anos, Takayama, que lidera no Paraná a Cristo Vive, pediu aos colegas que eles deveriam ser “luz” num momento em que “a sociedade questiona o parlamentar”. Também criticou jornalistas que denunciaram suas elevadas despesas com alimentação, pagas pela Câmara.
“Comer na capital não é barato”, argumenta. Apelidado de “ninja do garfo”, ele chegou a pedir reembolso por seis refeições no mesmo dia, emitidas em dois países diferentes, já que precisou ir a Montevidéu, capital do Uruguai.
Lá participou de atividades do Parlamento do Mercosul, no qual é um dos representantes brasileiros.
Conservador “de esquerda”
A questão mais confusa da entrevista é quando o deputado fala de sua postura política. Conta que na adolescência, quase entrou para as guerrilhas “Lá em Osasco, terra do capitão Lamarca. Entre a ideologia de esquerda e os ensinos de cristo, não tem como”, afirmou, reforçando que já era convertido na adolescência. Contudo, até hoje se diz de esquerda, “por lutar pelos pobres”.
No ano passado, como presidente do PSC do Paraná, Takayama costurou uma aliança com o Partido Comunista do Brasil para lançarem juntos Ney Leprevost (PSD) a prefeito de Curitiba. O nome da coligação, onde o vice era do PSC, tinha o nome sugestivo de “Corrente do Bem”. Acabou derrotado para Rafael Greca, com postura mais “a direita”.
Curiosamente, ele já dividiu projeto com Jean Wyllys (PSOL-RJ): um pedido, em 2015, de audiência pública para “debater questões relacionadas à vulnerabilidade de brasileiros residentes no exterior, sobretudo mulheres com filhos”.
No quarto mandato como deputado federal, o novo presidente da bancada também tem projetos com o viés gospel, como a instituição do Dia da Oração, Adoração e Celebração a Deus e do Conselho Nacional de Ministros de Confissão Religiosa.
Também coassina com colegas um projeto de lei que evangélicos propõe sustar decreto sancionado por Dilma Rousseff, que “dispõe sobre o uso do nome social de pessoas travestis e transexuais” em órgãos federais, como estatais e universidades –ou seja, uma servidora trans batizada no masculino ter o direito de usar no crachá o nome de mulher.
Questionado por que se absteve-se na votação que cassou o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado na Lava Jato, o deputado paranaense afirmou. “Tive um período doente, cirurgia, enfarto. De repente foi nessa época.” Contudo, a operação aconteceu um ano antes.
Ao falar sobre Cunha, lamentou: “Tinha simpatia por ele pelo fato de ser evangélico, fiquei muito horrorizado. Até mau apóstolo existe. Jesus tinha Judas, tinha Tomé, que não botava um pingo de fé, Pedro, o cortador de orelha…”
Vice-presidente da bancada discorda
A declaração controversa de Takyama sobre ser “de esquerda” não é a da bancada, esclarece o vice-presidente Victório Galli (PSC/MT). “Ele não estava falando em nome da bancada. Cada um responde pelas suas declarações e atos. Hoje, há algumas questões mal esclarecidas ou mal compreendidas. A esquerda não tem procuração ou tutela dos mais necessitados. Sou conservador, cristão e me considero de direita e meus combates são travados para diminuição de injustiças e geração de emprego e riquezas em nosso país”, garantiu o parlamentar mato-grossense.
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