Maria Augusta Silva dos Anjos passou por um transplante para receber o coração de Eloá Cristina Pimentel nesta segunda-feira (20), dia em que completa 39 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, na região central de São Paulo. Ela vive em Belém e se mudou para a capital paulista em janeiro deste ano à espera do transplante.

Durante quase dois anos, Maria – que tem um problema congênito no coração – aguardou na fila para receber o órgão. “Minha tia sempre dizia que receberia um coração de presente de aniversário”, contou Jeanne Carla Teixeira Rodrigues, de 26 anos, sobrinha de Maria.

Jeanne contou ainda que a tia recebeu a ligação do hospital às 23h de domingo (19). A preparação para a cirurgia começou às 3h. O coração chegou ao hospital às 5h15. O procedimento de transplante terminou às 8h30. Outros dois órgãos da adolescente foram para o hospital: pâncreas e rim, que devem ser transplantados ainda nesta segunda. Ainda não há informações sobre os demais receptores.

Maria Augusta, que nasceu só com o lado esquerdo do coração, já passou por uma cirurgia cardíaca há 16 anos. Nos últimos anos, no entanto, voltou a piorar e não conseguia fazer tarefas rotineiras como lavar o cabelo ou a louça sem se cansar. Maria é solteira e não tem filhos.

“Ficamos surpresos pelo fato de ela receber o coração da Eloá. Estávamos acompanhando esse caso e enfrentamos agora uma mistura de sentimentos. Antes de ir para a cirurgia, minha tia disse que eu poderia agradecer a generosidade e solidariedade da família da garota”, afirmou.

De acordo com o médico José Pedro da Silva, chefe da equipe que realizou o transplante, a receptora apresentou até agora uma resposta muito boa à cirurgia. “O coração bate em um ritmo regular: desde o início não apresentou nenhuma arritmia”, afirmou o médico. Segundo ele, Eloá pesava 57 quilos, Maria pesa 59 quilos e o sangue das duas é do tipo O positivo.

“Antes da cirurgia, sua situação clínica estava piorando e ela enfrentava um alto risco de morrer”, afirmou o médico.

A previsão de alta é de 20 dias, se tudo correr como esperado. Ainda de acordo com o médico, Maria Augusta não tem convênio e não pagará nada pela cirurgia, que será custeada pelo próprio hospital. A definição de quem recebe um órgão é feita pela Secretaria de Saúde.