Ghazala divide o espaço com mais de 500 outras pessoas oriundas da aldeia predominantemente cristã Karamlish, de onde ela finalmente foi embora há menos de uma semana.
Ankawa tem presenciado uma explosão populacional com a chegada de cerca de 32.500 pessoas desalojadas, desde a tomada de Mosul, em junho pelo EI e das posteriores definições do grupo quanto à ocupação de inúmeras cidades e vilas próximas.
Quando todos os aldeões de Karamlish fugiram, na noite de 6 de agosto, deixando para trás apenas 11 habitantes, Ghazala e sua cunhada trancaram as portas, torcendo para que nenhum mal lhes acontecesse.
Elas resistiram por cinco dias, ignorando os acontecimentos do lado de fora, até que ficaram sem comida e água e foram obrigadas a permitir que os militantes entrassem em sua casa.
O "chefe" do EI, como Ghazala o chamava, era respeitoso com elas. "Ele disse que nos traria tudo que precisássemos. Pedimos comida e água".
"Mas Daesh [um termo pejorativo baseado na sigla em árabe de EIEI] fez coisas terríveis com a nossa aldeia", disse ela. "Eles destruíram a igreja."
Também saquearam as casas abandonadas, levando qualquer coisa de valor e tentaram convencer os cristãos restantes da aldeia a se converterem ao islã com promessas de dinheiro e casas em Mosul. "Tentaram nos subornar", disse Nadar Eleya, 30, que ficou na aldeia com seu irmão e sua mãe depois que esta se recusou a desistir de sua casa.
Depois de dez dias, foram dadas aos cristãos restantes duas opções: converter-se, pagar o imposto jizyah para as minorias religiosas e submeter-se a um status inferior sob a sharia (lei islâmica), ou sair da cidade apenas com a roupa do corpo. Ghazala não pensou duas vezes. "Eu amo Jesus Cristo", disse ela. "Não Mohammad." Juntamente com sua cunhada e mais sete pessoas, incluindo Nadar e sua família, ela foi embora. Ninguém sabe o que aconteceu com os dois que permaneceram na aldeia.
A ONU descreveu a situação no Curdistão iraquiano como uma "tragédia humanitária". São cerca de 700 mil pessoas desalojadas, sendo hospedadas na região.
"Hospedagem" é apenas modo de dizer. "Muitos [desalojados] estão vivendo em condições miseráveis", disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, na semana passada. "Embora não se tenha os números exatos até o início de setembro, quando o registro for concluído, estima-se que centenas de milhares estarão vivendo em edifícios inacabados, mesquitas, igrejas, parques e escolas."
Mantenha a Igreja viva no Iraque
Nos últimos meses, a maioria dos cristãos fugiu do Iraque, principalmente de Mosul. Milhares deles têm sido forçados a abandonar suas casas somente com a roupa do corpo, deixando tudo para trás. Os poucos que permaneceram precisam de abrigo, alimento, água e remédios. A Igreja no Iraque precisa de socorro emergencial.Ajude-nos a manter a Igreja viva no Iraque.
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